Depressão sazonal: Vontade de hibernar - Médicos de Portugal

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Depressão sazonal: Vontade de hibernar

4 Novembro, 2014 0

É o que sentem as pessoas que sofrem de depressão sazonal: dias mais curtos e cinzentos atraem humores depressivos e uma vontade de hibernar até que o sol volte.

Quando as temperaturas começam a baixar e o dia escurece mais cedo, é natural que haja uma maior tendência para ficar em casa, uma espécie de preguiça que convida a comer mais e dormir mais. É uma reacção normal e, provavelmente, já toda a gente a sentiu.

Mas há pessoas que reagem de uma forma mais radical à alternância das estações, com a chegada do Inverno a dar lugar a uma letargia e fadiga sem precedentes, a alterações do humor (para pior, claro), a sentimentos e comportamentos depressivos.

São pessoas que sofrem de depressão sazonal, também designada como desordem afectiva sazonal. Trata-se de uma condição cíclica, o que significa que os sintomas regressam assim no Outono e desaparecem com os dias quentes e solarengos do Verão.

E tudo porque as noites são mais longas e os dias mais curtos e cinzentos: o que está em causa é mesmo o menor número de horas de luz e a qualidade da mesma. A luminosidade é menor em todo os sentidos, o que se revela determinante para as pessoas que sofrem de depressão sazonal.

A luz influencia o nosso relógio biológico, interferindo nos ciclos de vigília e sono mas também no humor. Tudo indica que a baixa luminosidade causa uma quebra na produção de serotonina, um químico natural do cérebro que afecta o humor: quanto menos serotonina, maior a tendência para a tristeza e a depressão; pelo contrário, níveis acrescidos deste neurotransmissor aumentam o estado de satisfação – é por isso que é chamada a hormona da felicidade.

Por outro lado, a luz também tem influência sobre a melatonina, uma hormona associada ao sono e que é produzida durante a noite: ora, durante o Inverno, as noites são maiores do que os dias, o que faz disparar os níveis de melatonina e, com eles, a sensação de fadiga e de falta de energia.

A fadiga é permanente, mesmo se se dormem mais horas durante a noite: o sono não cumpre o seu papel retemperador, acorda-se cansaço e passa-se o dia num estado generalizado de sonolência. Também o apetite sofre alterações, sendo frequentes os desejos vorazes por hidratos de carbono, em particular açúcares, o que acaba por conduzir a ganhos de peso.

A perda de energia é comum, acompanhada de dificuldades de concentração e processamento da informação. A ansiedade e a tristeza dominam, com progressiva perda de interesse pelas actividades que outrora davam prazer e com tendência para o isolamento.

Não se conhecem as causas da depressão sazonal, mas o conhecimento dos mecanismos da influência da luz sobre a melatonina e a serotonina permite concluir que a depressão sazonal é mais um processo biológico do que psicológico ou psiquiátrico. Esta teoria é confirmada pelo facto de ser mais frequente à medida que aumenta a latitude, ou seja, nos povos que vivem mais distantes do Equador e, portanto, com menos horas de luz por dia.

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