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Obesidade: um mal dos novos tempos?

14 Novembro, 2008 0

Em 2004, o realizador Morgan Spurlock decidiu vestir a pele de actor e, durante um mês, ingeriu ininterruptamente refeições hipercalóricas. O documentário “Super Size me: 30 dias de fast-food” valeu-lhe um prémio no festival de Sundance. E, certamente, mais uns quilos na balança. Mas, antes que a sinopse anterior lhe abra o apetite, aqui fica um aviso: as informações que se seguem baseiam-se em factos verídicos e espelham uma dura realidade – a obesidade.

O que pesa mais: a tentação da comida hipercalórica ou a consciência de lutar por uma vida mais saudável? Feitas as contas, a razão parece pender para o segundo prato da balança. Isto porque, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), ter uns quilos já não é uma questão puramente estética. “A obesidade é classificada como o flagelo do século XXI”, diz o Prof. Alberto Galvão Teles, presidente da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade (SPEO).

De década para década, a “epidemia” da obesidade tem vindo a ganhar cada vez mais terreno nos países desenvolvidos. As previsões da OMS apontam para um crescimento “exponencial do número de obesos e super-obesos, no prazo de 17 anos”. Assim, defende Galvão Teles, “há que investir em medidas de combate à obesidade”.

“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”. Este ditado, que corre de boca em boca, também poderá servir para explicar os porquês da obesidade. “Antigamente, as populações eram mais activas, porque o trabalho no campo e as profissões braçais favoreciam o dispêndio energético. Com a introdução das tecnologias, os humanos tornaram-se mais sedentários. Acresce que, com um ritmo de vida mais frenético, há, ainda, a questão do stresse. Um mecanismo compensador da ansiedade é, por vezes, a ingestão de doses elevadas de alimentos.”

Segundo o dirigente da SPEO, a obesidade já mereceu o rótulo de doença crónica e, hoje em dia, já não é, exclusivamente, uma questão de peso. “À medida que a obesidade aumenta, cresce, também, o número de diabéticos tipo 2 e avolumam-se as co-morbilidades “, garante. É por tal razão que, combatendo a obesidade, se actuam em outras frentes, nomeadamente na redução das dislipidemias, da hipertensão e das alterações articulares.

Só em Portugal, a prevalência da obesidade e pré-obesidade ultrapassa os 50% da população, em ambos os sexos. “Se atentarmos à obesidade propriamente dita, os dados revelam valores na ordem dos 15 a 16%”, acrescenta o especialista. Casos de obesidade grau 3 resvalam para mais de 1% da população e, “devido à gravidade da situação, obrigam a tratamentos cirúrgicos”.

 

Menos peso, mais disciplina

Até acabar o curso, Tiago Fernandes, 40 anos, não conjugava no presente o verbo engordar. “Em criança até era magro e não gostava de comer”, recorda. Mas, mal entrou no mercado de trabalho, o sedentarismo, aliado a um descontrolo alimentar, deu o arranque para um processo que quase culminou nos 120 quilos. Nessa altura, com 33 anos, o responsável pela área de compras de uma multinacional, achou que tinha chegado o momento de recuar uns quilos na balança.

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