Higiene e uso do preservativo no combate ao cancro do pénis
O cancro do pénis tem uma prevalência muito baixa nos países desenvolvidos, onde a existência alargada de redes sanitárias, o nível de vida e a cultura da saúde das populações favorecem os bons hábitos de higiene – cruciais para prevenir o aparecimento da doença.
Em Portugal não existem dados epidemiológicos sobre a incidência do cancro do pénis, mas o Dr. Pedro Soares, urologista do Hospital de Garcia de Orta e membro da Associação Europeia de Urologia, garante que entre nós, tal como nos restantes países europeus, «ocorre episodicamente».
É entre os 60 e os 80 anos de idade que se verifica a maior parte dos casos de cancro do pénis. A lesão provocada pelo tumor pode adquirir variadíssimas formas, dependendo do estádio em que o doente se encontra e da maior ou menor profundidade da invasão carcinogénea.
Apesar de ser quase sempre indolor, «a lesão é facilmente detectável à vista desarmada ou através da palpação. Pode apresentar-se sob a forma de uma lesão nodular, com um inchaço por baixo da pele, mas também pode assumir o aspecto de uma lesão plana, em que a pele denota uma mancha de tonalidade avermelhada.
Na sequência de um processo infeccioso associado, o cancro do pénis pode também provocar uma ferida persistente, que não cicatriza», explica Pedro Soares, acrescentando que «o tumor pode desenvolver-se em qualquer local do pénis, mas é mais frequente na glande e no prepúcio».
Para impedir a progressão do cancro, «o diagnóstico precoce é fundamental. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, mais hipóteses o doente tem de se curar e de evitar uma intervenção radical, que pode implicar a amputação parcial ou total do pénis», alerta o urologista.
Pedro Soares confirma que «muitos doentes obtêm tardiamente o diagnóstico de cancro do pénis porque continua a existir vergonha de ir a uma consulta de Urologia.
Em caso de dúvida, o melhor é mesmo deixar a vergonha de lado e consultar imediatamente um especialista. Enquanto a lesão se mantiver a um nível superficial poderemos optar por metodologias conservadoras do órgão, o que, para além da cura, é sempre muito importante para o doente».
O método que permite obter um diagnóstico mais rigoroso é a biopsia, que consiste na extracção de uma amostra de tecido do órgão afectado para posteriormente ser analisado em laboratório, onde se determina a presença ou ausência de células cancerígenas.
«É a biopsia que nos dá o diagnóstico. Posso suspeitar que há cancro do pénis, mas porque esta patologia tem uma apresentação muito diversa, a biopsia é essencial, pois permite não só caracterizar o tipo de lesão, como também a sua profundidade, orientando assim o tratamento», afirma Pedro Soares.
Uma das opções de que o doente dispõe para evitar a cirurgia é «a radioterapia, que pode ser aplicada à lesão primitiva e não muito volumosa, em doentes jovens que rejeitem a cirurgia e ainda aos gânglios linfáticos quando estes estão fixos, uma vez que, cirurgicamente, é muito difícil extraí-los. No entanto, a radioterapia poderá acarretar outro tipo de complicações, tais como a necrose do pénis ou apertos da uretra», assinala o especialista.