Acompanhada de sintomas de rinite » Conjuntivite alérgica: forma mais comum de alergia ocular
A forma mais comum de alergia ocular não raras vezes se faz acompanhar de sintomas nasais de rinite e manifesta-se, sobretudo, por «olho vermelho».
«A alergia ocular consiste numa doença inflamatória da superfície ocular externa, frequentemente recorrente, apresentando–se geralmente por sinais e sintomas agudos, bilaterais, de prurido, por vezes sensação de ardência (queimor), lacrimejo, fotofobia, hiperemia (olho vermelho) e quemose (edema da conjuntiva). Nalgumas formas de alergia ocular há envolvimento palpebral com edema e reacção papilar na sua superfície interior (tarsal)», refere o Prof. Luís Delgado, imunoalergologista, professor associado da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, vice-presidente da SPAIC – Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica
A alergia ocular manifesta-se por «olho vermelho», sendo uma apresentação clínica muito frequente, que causa mais de 60% das prescrições tópicas oftalmológicas.
Luís Delgado é autor, em conjunto com o Dr. Jorge Palmares, chefe de Serviço de Oftalmologia do Hospital de S. João, no Porto, do livro Alergia Ocular. 25 Perguntas sobre Diagnóstico e Tratamento. E, no que diz respeito ao «olho vermelho», esclarece que «quando recidiva pode ser devido a alergia (geralmente prurido e lacrimejo), olho seco (ardência com sensação de “areia” e poucas lágrimas) ou querato-uveíte (dor e visão turva)».
Conjuntivite alérgica
e medicamentosa
Em mais de 50% dos casos, a conjuntivite alérgica é a forma mais comum de alergia ocular, sendo muitas vezes acompanhada por sintomas nasais de rinite (rinoconjuntivite alérgica).
Nas formas sazonais da Primavera é, normalmente, provocada por pólenes das gramíneas, oliveira e parietária. Nas formas persistentes (perenes), é causada pelos ácaros do pó da casa e pelos epitélios de animais domésticos, por exemplo, o gato .
«Já a “conjuntivite medicamentosa” (queratoconjuntivite tóxica) surge pelo uso repetido de medicação ocular tópica e toxicidade ou sensibilização aos seus constituintes, geralmente os conservantes», observa Luís Delgado, salientando que «os conservantes utilizados nos colírios oftálmicos (cloreto de benzalcónio, timerosal) são a principal causa».
A pele fina das pálpebras é também particularmente susceptível a reacções de alergia de contacto. Por isso, além dos constituintes e conservantes dos tópicos oculares, vários produtos de cosmética podem também estar envolvidos.
De acordo com o autor de Alergia Ocular. 25 Perguntas sobre Diagnóstico e Tratamento, «curiosamente, não são os de uso directo nos olhos que colocam mais problemas de diagnóstico. Os cosméticos aplicados no cabelo, na face ou nas unhas podem ser inadvertidamente transferidos para os olhos, provocando sensibilização, por vezes, sem qualquer sintoma no ponto de origem, onde a epiderme é mais espessa».
As armações dos óculos, as respectivas dobradiças e parafusos metálicos, assim como instrumentos de cosmética ocular (eyeliners), podem originar eczema de contacto periorbitário em doentes sensibilizados ao níquel, por exemplo.
Evitar ácaros e pólenes
Se a prevenção da alergia de contacto a um objecto ou produto passa por simplesmente evitar o dito contacto, o mesmo não se poderá dizer em relação a outros alergénios, como os pólenes ou os ácaros.
Tal como acontece com outras manifestações alérgicas, previne-se o desencadear ou agravamento da alergia ocular através de medidas de evicção.
É fundamental evitar a acumulação de pó na casa e a proliferação de ácaros nos quartos, nos casos de conjuntivite alérgica persistente ou queratoconjuntivite atópica, quando existe IgE específica para os ácaros do pó da casa e uma relação clínica com os sintomas (agravamento nocturno e/ou ao levantar e no Outono/Inverno).