Doenças oncológicas: Fazer da prevenção um estilo de vida
O tratamento das doenças oncológicas não apresenta uma taxa de sucesso total, apesar de ter melhorado muito, ao longo das últimas décadas, e particularmente dos últimos anos. Mas intervém-se em vários factores que podem reduzir a probabilidade de desenvolvimento de cancro ou potenciar o seu tratamento, afirma Ricardo Luz, presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia.
O incentivo à adopção de estilos de vida saudáveis reveste-se da máxima importância na prevenção do cancro, nomeadamente a aposta na divulgação de hábitos antitabágicos. “Quando se fala em prevenção, um dos grandes objectivos é que os fumadores deixem de fumar e fazer com que se torne difícil que as futuras gerações venham a fumar”, explica Ricardo Luz.
Mas, acrescenta, existem outros factores a equacionar, principalmente, a dieta, as bebidas alcoólicas e a actividade física. Porque importa ensinar hábitos de vida saudáveis desde cedo, o lema do dia mundial de luta contra o cancro intitula-se “as nossas crianças importam” e visa a promoção de uma socialização saudável na infância, reforça o presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia.
Afirma que as causas do cancro são multifactoriais, sendo provável que factores genéticos e ambientais expliquem a doença, embora sejam raros . “São vários os factores que contribuem para que o cancro possa aparecer, dependendo do tipo de doença oncológica em questão”, refere o especialista que aponta o tabaco como um dos principais responsáveis pelo surgimento de vários tipos de cancro.
“Diminui as capacidades de defesa e aumenta as complicações que as pessoas com cancro podem vir a ter”, justifica. Ricardo Luz adverte que, o abandono do hábito de fumar diminuirá de forma significativa a incidência de taxa de cancro do pulmão e de outros tipos, como por exemplo, da bexiga, mama, do estômago e esófago.
Importância da dieta
Ricardo Luz afirma que se “torna complicado dizer o que a pessoa pode ou não comer… Pois os estudos revelam-se contraditórios e pouco consensuais”. Refere que uns alimentos podem contribuir para a redução de tumores e outros para a sua emergência. Acrescenta que o importante “é comer-se com racionalidade, evitando o que faz mal, nomeadamente, produtos fumados que estão associados à ocorrência de cancro do estômago em Portugal. Neste momento, “estão a aparecer os cancros das sociedades ocidentalizadas, não existindo trabalhos que sugiram que um ou outro factor possa evitar o cancro em 30 ou 40%”.
Ressalva, no entanto, que “todas as medidas que servem para as doenças cardiovasculares podem ser extensíveis ao cancro”. A adopção e manutenção de um estilo de vida saudável traduz-se num factor de protecção face ao surgimento precoce das doenças cardiovasculares e de cancro, mas é errado falar-se numa relação de causalidade, sublinha o médico oncologista.
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Isto porque “nunca poderemos evitar que as pessoas venham a ter patologias e a falecer por doença. O que protege a pessoa é um conjunto de actos ligados ao estilo de vida saudável que deve ter e que visa fortalecer o sistema imunitário.”
Interessa prevenir mas também é fundamental a ocorrência de um diagnóstico precoce, para permitir o tratamento mais eficaz e célere das doenças, frisa Ricardo Luz.