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Comichão, inflamação local e escoriações » Os males de uma doença crónica da pele

1 Maio, 2005 0

A dermatite atópica afecta cerca de 10% das crianças portuguesas. Mais conhecida por eczema, é uma doença crónica da pele que tende a desaparecer com a idade. Raras vezes volta, outras vezes dá lugar a doenças alérgicas do foro respiratório.

«É muito raro o aparecimento do eczema atópico na criança mais velha e no adulto», comenta o Prof. Manuel Branco Ferreira, imunoalergologista no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e professor da Faculdade de Medicina de Lisboa.

E continua: «Na grande maioria dos casos, surge no primeiro ano de vida, mas a doença é resolvida espontaneamente na adolescência ou na idade adulta, muito embora em 50-70% dos casos haja o aparecimento ulterior de queixas respiratórias de asma e/ou rinite, que coincidem com a melhoria dos sintomas cutâneos.

O eczema atópico persiste, apenas, numa pequena percentagem de adultos.»

Prurido. É este o principal sintoma do eczema, cuja origem se deve à extrema secura da pele que, por sua vez, é causada por uma deficiência desta em determinados ácidos gordos essenciais.

Paralelamente à comichão, segundo indica Manuel Branco Ferreira, «vai ocorrer uma inflamação da pele, que se manifesta através do rubor e tem duas causas: a agressão mecânica e traumática, originada pelo próprio acto de coçar, e a colonização de bactérias, devido ao défice de ácidos gordos essenciais que contrariam a proliferação bacteriana».

A juntar a tudo isto, com os ciclos de prurido e coceira, podem surgir lesões mais ou menos permanentes.

«A pele começa a ficar mais agredida, espessa e seca nas zonas em que há uma maior continuidade da comichão. Por outro lado, às vezes, em fases agudas, as crianças coçam-se tanto que sangram, logo há uma descontinuidade da barreira de defesa e mais depressa se formam feridas que poderão infectar», frisa o imunoalergologista.

Em termos de localização, o eczema, nas crianças mais pequenas (1, 2 anos) será mais frequente na face, na parte detrás dos braços e na parte da frente das pernas. Nos adultos, tende a localizar-se nas pregas de flexão (atrás do joelho, cotovelo, punho, etc.), porque são as zonas mais traumatizadas pelo movimento.

Ácaros, os culpados

Apesar de, muitas vezes, não ser possível encontrar qualquer tipo de sensibilização na dermatite atópica, esta doença é, na maioria dos casos, provocada ou pelo menos agravada por alergénios.

«Em 80 a 90% dos indivíduos com rinite e asma, normalmente, é identificada uma causa alérgica. No eczema atópico essa percentagem baixa para os 40 a 50%», revela Manuel Branco Ferreira, prosseguindo:

«A grande maioria dos alergénios que provocam a dermatite são os ácaros. Tal como nos problemas respiratórios, embora menos frequentemente, podem também causar as crises alérgicas os pólenes, os fungos e os pêlos dos gatos e dos cães.»

Ainda de acordo com o especialista, «existe outro grupo de alergénios que também podem agravar o eczema, nomeadamente os alimentares, do qual se salienta o leite de vaca, o ovo, alguns frutos secos (noz, avelã e amêndoa) e leguminosas (amendoim)».

«É errada a associação que, muitas vezes, é feita entre as crises do eczema e produtos alimentares como o chocolate, a carne de porco ou o morango», continua, «mas algumas substâncias presentes no chocolate, no vinho, no morango ou nos queijos curados, se ingeridas em grande quantidade, podem contribuir para um aumento da comichão, porque têm tiramina e potenciam a libertação de histamina.

Porém, este não é um mecanismo alérgico».

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