Cancro: Prevenir é o melhor remédio
A palavra cancro é, certamente, uma das mais temidas pela maioria das pessoas. É sinónimo de doença grave. Mas, cada vez mais, é também sinónimo de esperança. Porque, graças à ciência, aumentam as hipóteses de tratamento e sobrevida. Para isso contribui também a prevenção, ao alcance de todos.
É ao nível das células que tudo acontece no que diz respeito ao cancro. Seguindo um processo controlado pelos genes, as células dividem-se periodicamente, substituindo as que se encontram degradadas ou envelhecidas e, assim, permitindo que os tecidos e órgãos mantenham a sua integridade e funcionem normalmente.
Normalmente este é um processo “ordeiro”, mas pode ser alterado se um ou mais genes transmitirem mensagens erradas: nesse caso, as células receptoras dessas mensagens entram em actividade, dividindo-se de uma forma descontrolada. Na prática, isto significa que há células que se multiplicam a um ritmo mais rápido, tornando-se menos especializadas e formando uma massa volumosa que abre caminho através das células saudáveis – são os nódulos ou tumores.
O facto de se formarem tumores não é, automaticamente, sinónimo de cancro. Há tumores benignos, que estão geralmente envolvidos por uma cápsula que impede que se espalhem pelos tecidos vizinhos. Quando as alterações celulares acontecem de forma cumulativa e continuada durante um largo período de tempo, fala-se então de tumores malignos, ou seja de cancro. O que acontece é que vai aumentando o número de células que mudam de forma, de tamanho e de função e que possuem a capacidade de invadir outras partes do organismo.
Das primeiras mutaç ões ao cancro
Desde as primeiras mutações celulares ao surgimento de sintomas de cancro, não há um período de tempo igual para todas as pessoas.
É mais rápido numa criança, podendo levar apenas meses, do que num adulto, em que se pode prolongar por vários anos. O que é idêntico é o processo de desenvolvimento do tumor. São quatro fases, a primeira das quais – indução – corresponde precisamente à multiplicação descontrolada das células. Na segunda fase – “in situ” – já há uma lesão no tecido mas ainda não há sintomas.
E assim pode continuar durante vários anos, até que, na terceira fase, ocorre a invasão dos tecidos ou órgãos mais próximos, com aparecimento dos sintomas. Finalmente, a doença dissemina-se, com lesões a surgirem noutras partes do corpo – são as chamadas metástases.
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A importância da detecção precoce
O mecanismo de desenvolvimento do cancro é conhecido, mas não se sabe ainda como evitar todos os tipos de cancro. Daí que a prevenção e a detecção precoce sejam essenciais: é que quanto mais cedo o cancro for identificado, mais cedo se começa o tratamento e maiores são as probabilidades de cura e sobrevida.
O diagnóstico envolve um conjunto de exames médicos – desde análises ao sangue e a outros líquidos corporais, passando por técnicas de imagem como as radiografias e as ecografias. Uma biopsia – isto é, a recolha de uma amostra de tecido para análise – conclui o processo, servindo para confirmação da malignidade do tumor. É este exame que permite conhecer o grau de alteração das células e, a partir daí, ajuda a definir o tratamento mais adequado.