Fobias: Ansiedade sem limites

O medo é uma sensação ancestral, presente em todas as civilizações ao longo da história. Contudo, há casos em que o medo irrompe de uma forma irracional, manifestando-se perante objectos e situações que de modo algum constituem uma ameaça.
Todas as espécies animais sentem medo. Esta é mesmo uma condição indispensável para proteger o indivíduo do perigo. Quando o perigo está iminente é natural que o indivíduo seja invadido por uma sensação desconfortável que o impele a preservar a sua integridade física.
Apesar da ausência objectiva de perigo, o indivíduo sente uma aflição incontrolável e procura a todo o custo afastar-se da causa dessa ansiedade sem limites. Está-se então perante uma fobia, que herdou o nome da deusa grega do medo – Phobos.
O medo persiste e é desencadeado sempre que a pessoa está perante o objecto ou a situação temida. De tal forma que a simples hipótese de isso acontecer é, por si só, motivo de ansiedade, com repercussões graves no quotidiano e na qualidade de vida. A pessoa reconhece que o seu medo é irracional mas não consegue controlá-lo.
Ritmo cardíaco acelerado, disfunções gástricas, náuseas, diarreia, micção muito frequente, sensação de sufoco, rubor na face, transpiração abundante, tremores e desmaios são as manifestações fisiológicas da fobia. A depressão é, frequentemente, um desfecho destes quadros de fobia e ansiedade, às quais andam igualmente associados o abuso de álcool e drogas.
Não se sabe ao certo quantas pessoas sofrerão de fobia, mas estima-se que dez por cento da população seja afectada. Alguns estudos estabelecem uma margem maior, definindo entre três e dez em cada 100 pessoas o número que sofre de uma qualquer fobia. O que se sabe é que as mulheres são mais predispostas, mas não foi ainda encontrada uma explicação para esta tendência. Há uma excepção: a fobia social, sobre a qual se falará um pouco mais à frente, atinge igualmente homens e mulheres.
Sabe-se também que, em geral, é na infância e na adolescência que surgem os primeiros sinais da fobia, que se prolonga pela idade adulta quando não é tratada convenientemente.
Medo de tudo e de todos
Os transtornos fóbico-ansiosos constituem um grupo de doenças mentais em que a ansiedade é associada a um objecto ou situação. Com base nesta definição foram estabelecidos três tipos principais de fobias: fobia social, fobia específica e agorafobia, talvez a mais conhecida.
A fobia social traduz-se pelo medo de se expor a outras pessoas que se encontrem em grupos pequenos, podendo manifestar-se, por exemplo, em festas, reuniões, restaurantes.
Muitas vezes são restritas a uma única situação, como comer ou falar em público, assinar um cheque na presença de outras pessoas ou encontrar-se com alguém do sexo oposto. A mera possibilidade de estar a ser observado é geradora de ansiedade – o sangue sobe ao rosto, as náuseas e os tremores sucedem-se.
Associada a este tipo de fobia anda, geralmente, um quadro de baixa auto-estima e receio de críticas, o receio de ser julgado negativamente.
Daí que, em casos extremos, a pessoa possa mesmo evitar o convívio social, isolando-se. Já a fobia específica é, como o próprio nome indica, desencadeada por uma situação ou objecto específico, como animais inofensivos, altura, aviões, espaços fechados, doenças, dentistas, sangue, relâmpagos e trovões. O que significa que pode haver mil e um tipos de fobia específica, dependendo o impacto que a doença tem na vida da pessoa de quão fácil é ou não evitar a causa do medo.