Reconstrução mamária: Restaurar a feminilidade
Para muitas mulheres que se submetem a reconstrução mamária o que está em causa é mesmo restaurar a feminilidade: é que o cancro da mama atinge um dos símbolos do ser feminino, afectando a saúde mas também a auto-estima.
São 4500 novos casos de cancro da mama que surgem anualmente em Portugal; 4500 mulheres que recebem o doloroso diagnóstico de um tumor no seio da sua feminilidade.
A maioria sobrevive: este é o cancro mais frequente entre as mulheres mas também aquele com maior taxa de cura, uma taxa que crescerá ainda mais à medida que se generalizarem os rastreios e à medida que as mulheres forem tomando nas suas próprias mãos o cuidado da prevenção e da detecção precoce.
Para muitas vencer o cancro implica uma mastectomia total, ou seja, a remoção cirúrgica completa da mama afectada. Dependendo do tipo e do tamanho, a cirurgia pode preservar o mamilo. Perante esse cenário pode emergir a vontade de reconstruir a mama, recuperando, tanto quanto possível, a aparência anterior ao diagnóstico. Mais do que uma questão médica, é uma questão do foro individual, associada ao impacto psicológico da ausência da mama – uma ausência que recorda a doença mas que também pode fazer a mulher sentir-se mal no seu próprio corpo, inibindo-a nomeadamente nos contactos íntimos.
Mas, porque a reconstrução implica uma ou mais cirurgias, há mulheres que não a contemplam, preferindo uma alternativa não invasiva: as próteses aproximam-se o mais possível do contorno da mama, existindo em vários tamanhos e formatos e podendo até ser feita à medida de cada mulher.
Integradas no sutiã, simulam a mama, permitindo à mulher usar um fato de banho ou qualquer outra peça de vestuário sem que se perceba que foi submetida a uma mastectomia.
Os caminhos da reconstrução
Esta é uma opção para quem rejeita submeter-se a mais cirurgias do que a necessária para erradicar o tumor. Já para as mulheres que escolhem a reconstrução, há duas possibilidades: ou fazê-la no mesmo momento da mastectomia ou fazê-la mais tarde. Há naturalmente factores a ponderar, como o estado geral de saúde, a necessidade ou não de tratamentos futuros, como quimio ou radioterapia, se a mulher é fumadora ou não, se é obesa ou demasiado magra, se tem problemas circulatórios, entre outros. É em função destas variáveis que a equipa médica decide ou não avançar com areconstrução.
Se houver luz verde, o passo seguinte é escolher o tipo de reconstrução: a mama pode ser restaurada com recurso a um implante, a tecido de outras partes do corpo (pele, músculo e gordura do abdómen, das costas ou das nádegas, por exemplo) ou a uma combinação de ambos os procedimentos.
Os implantes são uma opção comum, podendo ser salinos ou de gel – em ambos os casos são bolsas de silicone cheias, num dos casos, com água salina estéril e, no outro, com gel. Podem ser implantados com um procedimento único, no mesmo momento da mastectomia, ou em dois passos distintos – primeiro é usado um expansor de tecido, uma espécie de balão que se coloca entre a pele e o músculo peitoral e que se vai enchendo progressivamente através de uma pequena válvula; depois de a pele ter esticado o suficiente, numa segunda cirurgia o expansor é substituído pelo implante permanente.
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A reconstrução da mama pode (ou não) ser seguida da reconstrução do mamilo e da aréola. Exige uma nova cirurgia, depois de a mama reconstruída ter tido tempo para cicatrizar, o que pode levar três a quatro meses.