O milagre da pílula: Prós e contras
Era bom que existisse uma pílula capaz de terminar com os calores, os suores nocturnos, as insónias e a secura vaginal que ocorrem nos anos em que se aproxima a menopausa. E se essa pílula pudesse também reduzir os riscos de certos cancros e da osteoporose e eliminar períodos irregulares e pesados? A verdade é que essa pílula já existe.
A pílula não só existe como celebra este ano meio século de vida. Falamos da pílula, evidentemente, essa que tão bem conhecemos e que, afinal, serve para algo mais que evitar gravidezes indesejadas.
Contudo, os seus benefícios como alívio para os sintomas da menopausa precoce e de prevenção para doenças de longo termo são ainda virtualmente ignoradas pela maioria das mulheres.
Vários inquéritos demonstraram que mais de metade das mulheres desconhecem os benefícios para a saúde da pílula contraceptiva e que quase outras tantas ainda hoje acreditam – incorrectamente – que tomar pílulas de controlo de nascimento é arriscado, especialmente após os 35 anos. É altura de pôr de lado essas confusões e obter o mais amplo conhecimento sobre os benefícios da pílula.
Maior escolha
As pílulas de controlo do nascimento fizeram já uma longa caminhada desde o seu lançamento. A pílula original continha cinco vezes mais estrogénio e dez vezes mais progesterona do que as actuais versões.
Quem tomou a pílula nessa altura, certamente se lembra das náuseas, de fraqueza matinal e de estranhas sensações de desconforto.
Presentemente, devido a um doseamento muito mais reduzido, a pílula tornou-se muito mais fácil de ser tolerada. E, além disso, as mulheres dispõem agora de uma muito maior escolha entre vários preparados.
Certos regimes podem propor doses constantes de estrogénio hormonal e progesterona, outros doses crescentes de estrogénio com uma dose constante de progesterona, outros ainda doses crescentes de progesterona e doses constantes de estrogénio. Se um destes regimes produzir incómodos efeitos colaterais, o médico poderá recomendar um outro. Mas todos eles oferecem benefícios, para além de evitarem a gravidez.
Cancro da mama
Uma análise de 54 estudos levados a cabo em 25 países constatou não se registarem riscos acrescidos de cancro da mama 10 ou mais anos após a mulher ter interrompido o uso da pílula em comparação com outras mulheres que nunca a haviam usado. A situação mantinha-se mesmo para mulheres com uma história familiar de cancro da mama.
A análise demonstrou realmente que mulheres que nunca tinham utilizado a pílula apresentavam uma incidência ligeiramente inferior de cancro da mama do que aquelas que tinham deixado de tomar a pílula nos últimos dez anos. Mas os investigadores não acreditam que a pílula provoque o cancro. É mais provável que a pílula favoreça o crescimento de um tumor já existente do que provoque a sua ocorrência.
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A outra face
Se é um facto que há virtudes da pílula ainda ignoradas pela maioria das mulheres, convém não esquecer que – à semelhança de qualquer medicamento que interfere com o organismo – apresentam contra-indicações, algumas delas absolutas e bastante sérias.