Síndrome das pernas inquietas » Vinte por cento das grávidas sofrem desta doença - Médicos de Portugal

A carregar...

Síndrome das pernas inquietas » Vinte por cento das grávidas sofrem desta doença

1 Novembro, 2004 0

A síndrome das pernas inquietas é uma doença neurológica, crónica e enquadra-se no grupo de doenças do movimento. Potencialmente debilitante, pode causar impacto no sono e na qualidade de vida. Caracteriza-se, tal como o nome do grupo de doenças indica, por movimentos involuntários e sensação de desconforto, principalmente, nos membros inferiores.

Alguns autores consideram ser um nome infeliz, na medida em que tira alguma credibilidade à doença por ser uma tradução literal da expressão inglesa «restless legs». Na prática, é uma doença que tem critérios de diagnóstico bem-definidos e que já é conhecida na literatura neurológica há alguns anos.

Para o Dr. Joaquim Ferreira, assistente hospitalar de Neurologia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, «a síndrome das pernas inquietas é uma doença conhecida que ganhou mais visibilidade devido ao investimento recente por parte de várias companhias farmacêuticas em desenvolver medicamentos úteis para o seu tratamento».

Para o médico, «é das doenças neurológicas mais frequentes, cujos números podem ser considerados quase assustadores. Em vários estudos realizados, a prevalência da doença na população geral chega a atingir os 10 a 15% – valores de grande magnitude. Isto significa que muitos indivíduos podem ter síndrome das pernas inquietas e não sabem ou conhecem pessoas com esta mesma síndrome e que também não conhecem o diagnóstico».

Cãibras, dor e mal-estar

«Os sintomas», diz o especialista, «na prática, são queixas de desconforto referidas aos membros inferiores, nomeadamente, às pernas e que são habitualmente descritas na linguagem corrente como cãibras, dor, formigueiro e mal-estar. Têm em comum o facto de serem predominantemente referidas aos membros inferiores, mas não são exclusivas das pernas, podem envolver os membros superiores».

Segundo o neurologista, «este tipo de queixas melhora com o movimento. Um indivíduo, que sinta desconforto nas pernas, sentir-se-á aliviado se andar ou se se mexer. Aliás, os doentes sentem frequentemente uma compulsão para andar, porque esse mesmo movimento é um factor de alívio».

Outros dois aspectos salientados por Joaquim Ferreira, que são, também, característicos da doença e que têm de estar presentes para se fazer o diagnóstico, são:

«O facto de este tipo de queixas aparecer com mais frequência em situações de repouso, ou seja, quando os doentes estão sentados ou deitados; e o facto de os sintomas surgirem, habitualmente, durante o período em que as pessoas vão deitar-se, à noite.»

Na realidade, são os doentes que apresentam queixas que incluam estas quatro características que permitem, aos médicos, fazer o correcto diagnóstico.
«Apesar de ser uma doença crónica, caracteriza-se por flutuações, ou seja, há fases da vida em que as pessoas se sentem mais incomodadas e outras em que as queixas são mínimas. Por conseguinte, o desconforto também é mínimo», comenta Joaquim Ferreira, acrescentando:

«A maioria dos doentes pode conviver bem com os sintomas sem que daí resulte uma perturbação do seu quotidiano. Apenas 3 a 4% da população em geral é que tem os critérios de diagnóstico de síndrome das pernas inquietas, cujos sintomas são incapacitantes ao ponto de interferirem com a qualidade de vida.»

«Há, de facto, uma tendência familiar e uma suspeita da existência de factores genéticos que contribuem para a transmissão da doença, embora o gene específico não esteja identificado», salienta o especialista.

Quanto ao diagnóstico, existem alguns aspectos, que tornam a abordagem da doença simples, baseados exclusivamente na observação clínica.

O neurologista refere ser «apenas essencial ouvir a história e as queixas do doente. Não implica qualquer outro exame complementar. Não é necessário fazer exames dispendiosos ou estudos complexos do sono para se fazer o diagnóstico da síndrome das pernas inquietas. Basta que os médicos saibam que a doença existe e que tenham uma noção básica dos critérios de diagnóstico para estarem habilitados a diagnosticar».

Todavia, na maior parte das vezes, as queixas dos doentes ou não são valorizadas ou são valorizadas mas sugerem outras doenças. Deste modo, os doentes podem vir a fazer exames desnecessários.

Joaquim Ferreira informa que, muitas vezes, «o historial do doente, do ponto de vista médico em relação a determinada queixa, sugere que foi previamente observado não só pelo médico de família como também por psiquiatras, cirur­giões vasculares e reumatologistas. São as especialidades que mais frequentemente são

Laura Regina Portela

Páginas: 1 2

ÁREA RESERVADA

|

Destina-se aos profissionais de saúde

Informações de Saúde

Siga-nos

Copyright 2017 Médicos de Portugal por digital connection. Todos os direitos reservados.