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Angina: a infecção que surge com o frio

1 Dezembro, 2004 0

Na maior parte do ano, nem damos por elas. Só nos lembramos quando nos causam problemas, sobretudo, nos meses mais frios. As amígdalas são órgãos sensíveis muito susceptíveis a infecções…

A amigdalite, ou angina, como é vulgarmente conhecida, é uma doença infecciosa das amígdalas palatinas. Estas ajudam a prevenir as infecções da garganta e das vias respiratórias, através da produção de anticorpos. No entanto, as amígdalas também são susceptíveis de adquirir infecções e é quando isto acontece que aparecem as amigdalites.

«A causa das amigdalites pode ser viral ou bacteriana», segundo diz o Dr. Ezequiel Barros, otorrinolaringologista.

E explica: «As bacterianas adquirem, em geral, proporções mais graves e necessitam de tratamento através de antibióticos. No caso de amigdalites provocadas por um vírus, em que a amigdalite tem um ciclo próprio, são normalmente utilizados analgésicos e antipiréticos para alívio dos sintomas.»

A amigdalite manifesta-se, sobretudo, por febre, dor de garganta, dificuldade na deglutição e mal-estar geral.

«As amígdalas adquirem um aspecto vermelho, podendo inclusive inchar. No caso de infecções bacterianas, podem apresentar placas esbranquiçadas, com uma substância purulenta», menciona o especialista.

«No Inverno, o organismo está mais exposto às agressões do meio ambiente e as condições de desenvolvimento dos vírus são mais favoráveis, logo as probabilidades de contrair este tipo de doença são também maiores», comenta Ezequiel Barros.

Por isso, evitar grandes variações de temperatura e proteger a garganta do frio são truques simples, que podem evitar não só as amigdalites como outros problemas de garganta.

Doença das crianças?

Não raras vezes se associa a amigdalite a uma doença predominantemente infantil, no entanto, é passível de afectar miúdos e graúdos.

Ezequiel Barros explica que «as crianças perdem os anticorpos da mãe por volta dos 6 meses e, a partir daí, a criança é como um livro aberto até desenvolver os seus próprios anticorpos».

Desta forma, até desenvol­verem esses anticorpos, que os vão defender das agressões a que o organismo está exposto, as crianças estão mais propensas a doenças. É de realçar que este fenómeno acontece com todas as doenças e não só com a amigdalite.

O especialista alerta, também, para o problema dos infantários, em que o contágio está muito facilitado, sobretudo no Inverno, em que as crianças passam mais tempo em ambientes fechados onde a circula­ção do ar se processa com dificuldade e o contágio é maior.

Quando a situação é grave…

A amigdalite assume o seu carácter mais grave sob a forma de amigdalite tonsilar séptica, causada pela bactéria Estreptococcus pyogenes. A febre pode atingir, nestes casos, os 40 graus, e há uma grande probabilidade de este tipo de problema degenerar num abcesso peria­migdaliano.

O abcesso periamigdaliano é o agravamento das anginas, em que se forma um fleimão e, posteriormente, um abcesso na parede da faringe junto ao pólo superior da amígdala. O que acontece é que a bactéria responsável pela secreção continua a multiplicar-se, provocando um aumento do volume das amígdalas e da quantidade de pus produzido. Os sintomas, além dos descritos para a angina comum, implicam também a assimetria de um dos lados da garganta, alteração do timbre de voz e dificuldade em abrir a boca.

Segundo Ezequiel Barros, «este tipo de complicação necessita de um tratamento mais agressivo, com recurso à drenagem e à remoção das amígdalas num segundo tempo. Os antibióticos não produzem efeito nestes casos, uma vez que não são suficientes para eliminar e controlar a proliferação das bactérias, tendo de se recorrer a AB injectáveis».

Uma amigdalite pode, em alguns doentes, ocasionar uma febre reumática com todas as suas consequências, pelo que o diagnóstico e o tratamento atempado e correcto destas situações são imperiosos.

Ezequiel Barros admite que ainda se pratica muito a automedicação. Mas, reconhece que, «na maioria das vezes, não conduz a complicações. O que há é um prolongamento do estado do paciente. Por vezes, os doentes obtêm antibióticos sem prescrição médica, os quais podem ser desajustados para o seu caso. A consequência para este tipo de comportamento pode ser o aumento da resistência das bactérias aos antibióticos. A doença vai, assim, ser cada vez mais difícil de tratar, já que o organismo não responde ao tratamento».

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