Células estaminais: uma segurança para a vida
Quisera que nunca os filhos sofressem. Quisera que nunca fossem afectados por doenças graves. Mas, uma vez que a vida tanto reserva surpresas agradáveis como desagradáveis, hoje em dia, muitos pais recorrem à criopreservação das células estaminais do cordão umbilical dos seus filhos, porque, quiçá um dia, estas poderão salvar-lhes a vida.
«Sabemos que o mais provável é não termos de recorrer às células criopreservadas do nosso filho, mas, por outro lado, queremos ter a certeza de que, se um dia for preciso, elas estarão lá.» Estas são palavras de José e Margarida Pereira, um casal que recentemente recorreu à criopreservação das células estaminais do cordão umbilical do seu último filho – o Miguel.
A criopreservação das células do cordão umbilical, em laboratório português, começou a fazer-se em 2005, através da Bioteca.
Por seu turno, a contratação do serviço de criopreservação destas células começou a fazer-se em 2003 e os pais que tomam esta decisão estão como que a adquirir um seguro biológico, pois estas células, uma vez que têm a capacidade de se transformar em células de muitos tecidos do corpo humano, poderão vir a combater doenças do foro sanguíneo (aplicações já descobertas) e outras que a evolução científica ditará.
«As vantagens deste processo são as aplicações terapêuticas destas células já descobertas e comprovadas e o facto de poderem ser utilizadas na pessoa de quem foram retiradas ou em familiares próximos, desde que haja compatibilidade para tal», sustenta o Dr. Alberto Fradique, ginecologista/obstetra do British Hospital (Lisboa).
A colheita do sangue do cordão umbilical (que contém as células estaminais) é feita pelo médico obstetra na altura do parto, com a placenta ainda inserida no útero. O sangue é recolhido por gravidade directamente para um saco que contém um anticoagulante e segue imediatamente para o laboratório.
O casal Pereira recorreu ao laboratório Bioteca «pelo facto de ser o primeiro a fazer criopreservação de células do sangue do cordão umbilical em Portugal, nos laboratórios do Instituto Superior Técnico, em Lisboa, e por ser o único a dispor de um mecanismo financeiro que garante a segurança das células criopreservadas durante os 20 ou 25 anos do contrato, aconteça o que acontecer, com a entidade Bioteca».
Segundo Alberto Fradique, uma das limitações do contrato que os pais fazem com o laboratório de criopreservação é que este último «não pode prometer o que ainda não está comprovado». No entanto, «é importante realçar que, dentro do período do contrato de conservação das células [20 a 25 anos, no caso da Bioteca], novas descobertas poderão ser feitas».
Ora, foi também a pensar na evolução científica que José e Margarida Pereira decidiram criopreservar as células do cordão umbilical do pequenino Miguel.
«Acreditamos que, no futuro, estas células venham a ter maior aplicabilidade e poderão ser úteis para tratar um leque mais vasto de patologias», diz José Pereira.
Alberto Fradique deixa o conselho: «É preciso ter a certeza de que as células continuarão conservadas, independentemente do que acontecer à empresa com quem foi selado o acordo.» Em Portugal, hoje em dia, o laboratório Bioteca é o único com milhares de amostras guardadas.
Sobre as células do cordão umbilical
Células «camaleónicas»
Por terem a capacidade de se transformar em células de muitos tecidos do corpo humano, e pela facilidade de recolha, actualmente, as células estaminais do cordão umbilical são das que têm maior aplicabilidade terapêutica.
As mais flexíveis
Dado que provêm de um recém-nascido, as células ainda se encontram num estado imaturo e, assim, têm maior flexibilidade em termos de compatibilidade, sendo maior o número de potenciais receptores.
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