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Quando a mente precisa de ajuda

6 Abril, 2013 0

As doenças mentais tornaram-se ao longo dos anos num verdadeiro problema de Saúde Pública. Com incidência crescente e sem previsões de melhoria, pedimos ajuda ao psiquiatra Medeiros Paiva para nos delinear o cenário do país e o aconselhar a identificar os sintomas que podem justificar a procura de ajuda e de tratamento adequado.

Portugal é dos países da Europa o que tem das maiores taxas de prevalência de doenças mentais. “No último e único estudo epidemiológico efectuado em Portugal da responsabilidade do ex-coordenador da Saúde Mental, Prof. Doutor Caldas de Almeida, e do qual apenas temos acesso a alguns dados fornecidos pelo mesmo aquando de uma conferência de imprensa e de algumas apresentações avulso em reuniões científicas, ficamos a saber que a prevalência de doenças mentais em Portugal era de cerca de 22,9%.

Muito próxima da dos EUA, das mais altas do Mundo, 26,4%”, refere ao Jornal do Centro de Saúde, o Dr. Medeiros Paiva, psiquiatra e é vogal Norte na Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental. As perturbações psiquiátricas mais frequentes na população portuguesa são as perturbações de ansiedade (16,5 por cento) e a depressão (7,9), segundo os primeiros resultados desse estudo.

O que fazer?

Nas consultas do psiquiatra, as queixas mais frequentes são: “sensação de angústia, medo indefinido, medo do futuro, tristeza e dores, dores generalizadas, sem explicação, não compreensíveis (que levam frequentemente a consultas médicas em excesso com pedido de análises e exames radiológicos desnecessários) “.

A Organização Mundial de Saúde considera, no que diz respeito especificamente à depressão, que esta doença será, em 2020, a segunda causa de incapacidade no mundo (mesmo, no considerado terceiro mundo) e prevê que passados mais 10 anos, em 2030, ultrapassará no ranking das doenças, as cardiovasculares, passando para primeiro lugar.

“Há que fazer algo muito rapidamente. Não compete, porém, à Medicina o principal papel de estancar este contínuo aumento da prevalência das depressões quando a principal causa assenta num estilo de vida e numa hierarquia de valores que aniquila o lado humano do animal com o cérebro mais desenvolvido de todos (cem mil milhões de neurónios – a sua célula principal) “, adianta Medeiros Paiva.

Para o psiquiatra, é essencial “obrigar os partidos a governar em nome de valores e não de mercados para que a prevalência das doentes mentais deixem de subir. Queixarem-se do aumento exponencial do uso de antidepressivos, salientando apenas o lado economicista, é de uma menoridade intelectual e de uma ignorância confrangedora. Os mecanismos geradores do mal-estar da civilização são reconhecíveis por quem estiver atento à realidade e não seguir acriticamente os paladinos do mercado e do neoliberalismo selvagem”, critica.

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Mudar hoje para melhorar amanhã

Para que a sua mente não controle a sua vida de forma negativa, existem aspectos a considerar e que muito podem fazer por si e pelos que o rodeiam. “Modificar o seu (e o dos vossos filhos) estilo e padrões de vida com uma nova maneira de hierarquizar os valores pode ser um dos primeiros passos”, aconselha Medeiros Paiva. A solidariedade, o convívio com amigos e familiares, a natureza e o exercício físico ao ar livre, “a destrinça entre o essencial o acessório, a evitação da luta pelo ter (consumo) e da luta por ser o primeiro, pelo poder” também contribuirão para a melhoria do seu estado de espírito. A regra principal passa por “conquistar o tempo aprendendo a parar para gozar os pequenos prazeres da vida”.

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