ÚLCERA PÉPTICA – ÚLCERA DO ESTÔMAGO E ÚLCERA DO DUODENO
A úlcera do estômago e úlcera do duodeno é uma solução de continuidade, uma perda de substância na parede do estômago ou duodeno, geralmente redonda ou oval com cerca de 5 – 10 mm de diâmetro. A base da úlcera constituída por fibrina é esbranquiçada.
A úlcera do estômago e a úlcera do duodeno são doenças crónicas, recorrentes, se não forem submetidas a tratamento curativo.
A identificação, por dois australianos, Warren e Marshall, em 1983, duma bactéria no estômago, o Helicobacter pylori ( Hp ) veio modificar esta evolução recorrente da úlcera do estômago e da úlcera do duodeno.
A erradicação do Hp, nos doentes com úlcera do estômago ou do duodeno é acompanhada de significativa redução, ou mesmo abolição, das recorrências ( recidivas ) da úlcera. Por isso, dizemos hoje, que conhecemos a cura definitiva da úlcera do estômago e da úlcera do duodeno. A úlcera deixou de ser considerada uma entidade de causa desconhecida para passar a estar associada a dois factores etiológicos bem definidos: uma bactéria, o Helicobacter pylori, e os anti-inflamatórios não esteróides ( AINE ).
Outros factores para além do H. pylori e dos AINE terão um papel mais ou menos importante mas, ainda mal definido: secreção ácida, factores genéticos, álcool, habito de fumar, e outros.
Nenhum estudo provou que haja uma acção directa dos factores psicológicos, no aparecimento da úlcera crónica do estômago ou do duodeno. A ” úlcera nervosa ” nunca existiu.
Quais as causas da úlcera do estômago e do duodeno ?
Mais de 90% ( 90% a 100% ) das úlceras do duodeno e cerca de 70% ( 60% a 80% ) das úlceras do estômago estão associadas ao Helicobacter pylori e curam definitivamente, na maior parte dos casos, quando este é erradicado do estômago.
Os anti-inflamatório não esteróides ( AINE ) estão associados a menos de 5% das úlceras do duodeno e a cerca de 30% das úlceras do estômago.
Menos de 1% das úlceras do estômago e do duodeno estão relacionadas com causas raras como o síndrome de Zolliger-Ellison, a doença de Crohn, a tuberculose etc. ou têm causa desconhecida.
Como se manifesta a úlcera do estômago e do duodeno ?
A dor localiza-se na parte alta e central do abdómen, o epigastro ou região epigástrica, daí chamar-se dor epigástrica. A dor surge por crises, com frequência 1 a 3 horas depois das refeições, dor de vacuidade, por vezes acorda o doente durante a noite e, com frequência, acalma com a ingestão de alimentos ou antiácidos.
A dor é o sintoma mais frequente mas a úlcera gástrica ou duodenal pode não causar qualquer sintoma ou manifestar-se por outras queixas dispépticas: desconforto no epigastro, enfartamento, náuseas, vómitos ou distensão. A úlcera do estômago e duodeno pode causar hemorragia que se manifesta por anemia ou que se manifesta por perda evidente de sangue pela boa ( hematémese ) e/ou pelo ânus ( melenas ).
Outra complicação da úlcera do estômago ou duodeno é a perfuração da parede do estômago ou duodeno, dando origem a uma inflamação do peritoneu ( peritonite ) que terá que ser resolvida pela cirurgia.