TUMORES DO ESTÔMAGO
PÓLIPOS E TUMORES BENIGNOS: Os tumores benignos do estômago são pouco frequentes. Não têm a importância dos tumores benignos do cólon.
PÓLIPOS do ESTÔMAGO:
Pólipo é uma procidência, uma saliência que sobressai numa superfície. Os pólipos podem ser tumores benignos ou malignos ou podem não ser tumores. No estômago menos de 5% dos pólipos são tumores benignos ( adenomas ) e podem eventualmente evoluir para tumor maligno.
Os pólipos com mais de 5 mm devem ser submetidos a polipectomia, para serem analisados ao microscópio. Os que têm menos de 5 mm devem ser retirados com a pinça de biopsia. Mais de 95% dos pólipos do estômago, não são tumores, são pólipos hiperplásicos, que não evoluem para cancro.
LEIOMIOMA:
É o tumor benigno mais frequente do estômago: alguns estudos de autópsias encontram o Leiomioma em cerca de 50% da população com mais de 50 anos. É um tumor benigno constituído por células do musculo liso.
A causa é desconhecida. Geralmente são silenciosos, não dão origem a sintomas, muito raramente poderão ser causa de dor ou hemorragia. O seu diagnóstico é acidental durante uma endoscopia feita por qualquer motivo. Se for necessária, a cirurgia é curativa mas, na maior parte dos casos, a cirurgia não é necessária.
PÂNCREAS ECTÓPICO ou Pâncreas aberrante ou Restos Pancreáticos.
O Pâncreas Ectópico não é um tumor e é descrito nas Anomalias Congénitas.
TUMORES MALIGNOS DO ESTÔMAGO:
Cerca de 95% dos cancros do estômago são adenocarcinomas. Os linfomas representam menos de 5% dos dos cancros do estômago. Os outros cancros, leiomiosarcoma, rabdiosarcoma etc. são muito raros.
ADENOCARCINOMA
Mais de 95% dos cancros do estômago são adenocarcinomas ( tumores malignos do tecido epitelial ). Os linfomas e outros cancros mais raros representam menos de 5% dos tumores malignos do estômago.
O cancro do estômago é frequente ?
O cancro do estômago tem diminuído nos últimos 50 anos mas é ainda um dos cancros mais frequentes da humanidade ( 2ª causa de morte por tumores a nível mundial ) e é sobretudo frequente no Japão e no Chile.
Portugal está entre os dez países com mais cancro do estômago e infelizmente não tem diminuído nos últimos anos. Até há poucos anos era o cancro mais frequente em Portugal mas parece ter sido ultrapassado pelo cancro do cólon. No Algarve haverá todos os anos cerca de 80 novos casos de cancro do estômago. Antes dos 50 anos de idade o cancro do estômago é raro.
Qual a causa do cancro do estômago?:
Os factores implicados no aparecimento do cancro do estômago são vários ( a etiologia é multifactorial ).
Os nitratos que ingerimos podem ser transformados em nitritos e dar origem a nitrosaminas carcinogénicas.
O álcool e o tabaco
Factores genéticos – não se conhece uma alteração genética relacionada com o cancro do estômago mas há um risco maior de ter cancro do estômago em familiares do 1º grau de doentes com cancro do estômago. Tem sido descrita uma prevalência da doença em determinados agregados familiares.
Helicobacter pylori. A OMS classificou o Helicobacter pylori como carcinogéneo mas, só uma minoria das pessoas infectadas com o H. pylori, desenvolvem cancro do estômago. A gastrite crónica causada pelo H. pylori, em determinadas condições, relacionadas com a virulência de certas estirpes do Helicobacter pylori, e com certos genes do hospedeiro, transforma-se em gastrite atrófica e metaplasia intestinal ( a mucosa do estômago é substituída por mucosa intestinal ) que nalguns raros casos, e em circunstâncias especiais, evolui para cancro do estômago.
Esta evolução da gastrite crónica até cancro do estômago é ainda mal conhecida e não temos, por enquanto, maneira de a evitar. Cientistas em todo o mundo e duma maneira especial cientistas portugueses ( Leonor David, Celso Reis ) do IPATIMUP do Porto ( Sobrinho Simões ), têm feito grandes progressos na identificação das estirpes mais virulentas do H. pylori e na identificação dos genes que codificam as mucinas gástricas ( as mucinas são um gel – semelhante à saliva – que cobre as nossas mucosas ) que facilitam o aparecimento do cancro do estômago.
Estas descobertas acabarão por permitir, num futuro, que se deseja próximo, o rastreio dos indivíduos com estes factores de risco e assim contribuir para a diminuição da mortalidade relacionada com o cancro do estômago.