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Os problemas do refluxo gastresofágico

15 Julho, 2014 0

Falamos de refluxo gastresofágico quando há retorno do conteúdo do estômago para o esófago, em sentido, pois, contrário ao normal. O refluxo acontece na sequência da disfunção da válvula que separa aqueles dois órgãos – a cárdia – que, uma vez incompetente deixa refluir, por vezes até à boca, o conteúdo ácido do estômago.

Os principais sintomas são, na maioria das vezes, locais: a azia (sensação de ardor, queimadura, que, partindo do estômago pode subir até à garganta) e as regurgitações (retorno dos alimentos contidos no estômago até à boca, sem náusea ou esforço) são os mais frequentes. Outros sintomas ligados à inflamação que o refluxo provoca no esófago podem igualmente estar presentes: dor no peito e dificuldade ou dor na deglutição. Estes sintomas caracteristicamente melhoram com medicamentos ou alimentos que diminuem a acidez gástrica.

O refluxo gastresofágico está associado a factores predisponentes, como a hérnia do hiato esofágico, a obesidade, o tabagismo e incorreções alimentares que, uma vez corrigidas, melhoram igualmente a sintomatologia.

Se a maior repercussão do refluxo gastresofágico se materializa no esófago, nos últimos anos tem-se dado uma particular atenção às manifestações extra-esofágicas, sobretudo as pulmonares e as da esfera da otorrinolaringologia.

Relativamente às últimas, um destaque particular para as laringites e faringites crónicas, em consequência da acção directa do refluxo ácido nestes dois órgãos. A rouquidão e a inflamação crónica da garganta, com secreções e pigarreio constante, são a sua expressão mais frequente e que podem levar a significativa perda de qualidade de vida. Porém, em situações não controladas e muito arrastadas, há quem estabeleça um nexo de causalidade com situações mais graves, como o cancro da laringe e da faringe.

Quanto às repercussões pulmonares elas são sobretudo brônquicas. Asma brônquica, bronquite, bronquiectasias e tosse crónica são as entidades pulmonares mais vezes relacionadas.

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Porém, outras doenças mais graves, como pneumonias, abcessos do pulmão ou fibrose pulmonar idiopática, são também referidas. Admite-se que estas doenças respiratórias sejam devidas à microaspiração de conteúdo gástrico durante o sono.

Apesar de haver técnicas apuradas para o diagnóstico (endoscopia digestiva alta, radiografia contrastada do esófago, manometria esofágica e pHmetria-24 horas) a relação do refluxo com determinadas queixas nem sempre é fácil, obrigando muitas vezes a uma investigação exaustiva.

O tratamento baseia-se em medidas comportamentais, em medicamentos que diminuem a secreção ácida do estômago e, nalguns casos – por exemplo, quando existe hérnia do hiato esofágico -, a cirurgia pode ser a solução.

As medidas comportamentais são importantes para se evitar as exacerbações, e devem ser seguidas por todos os doentes. Entre as mais importantes referem-se as seguintes: elevar a cabeceira da cama (15 cm.); moderar a ingestão de alimentos que estimulam a produção de secreção ácida do estômago (alimentos gordos, citrinos, café, chá, bebidas alcoólicas, bebidas gasosas, chocolate e produtos à base de tomate); evitar grandes refeições; a última refeição – normalmente o jantar – deve ser leve; deitar-se apenas depois de terem passado 2,5 horas após a última refeição; suspender o tabagismo; em caso de excesso de peso, perder peso.

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