A rota do sangue
Todos os dias são bons para dar sangue. O gesto é simples, generoso e salva vidas. Como se candidatar, qual a quantidade mínima necessária, o que irá acontecer ao sangue e como é feito o processamento pós-dádiva são inquietações que adiam a decisão de se tornar dador. Neste artigo, dizemos-lhe tudo. Hoje por quem precisa.
O Instituto Português do Sangue,IP (IPS,IP) é a instituição de dádiva por excelência em Portugal, e aonde pode recorrer presencialmente, por telefone ou através do site www.ipsangue.org para receber todas as informações de que necessite. É também desta forma que pode aceder a todos os locais onde se realizam sessões de colheita, com a indicação do respectivo horário e local.
Se se questiona regularmente porque deve dar sangue, saiba que os serviços de sangue dos hospitais dependem diariamente de todos os dadores que, de forma regular, partilham um pouco de saúde com quem a perdeu. “Todos os dias existem doentes com anemia, doentes que vão ser submetidos a cirurgias, doentes acidentados com hemorragias, doentes oncológicos que fazem tratamento com quimioterapia, doentes transplantados e muitos outros que necessitam de fazer tratamento com componentes sanguíneos”, indica o IPS. Enquanto um doente com anemia pode necessitar de uma ou duas unidades de sangue, uma pessoa que necessite de um transplante de fígado ou um doente com leucemia pode necessitar de um número bastante elevado de componentes sanguíneos.
A verdade é que “são necessárias diariamente 1250 unidades de sangue para que o Serviço de Nacional de Saúde funcione em pleno”, salienta a Dr.ª Leonilde Outerelo, responsável pelo serviço de promoção e colheita do Centro Regional de Sangue de Lisboa do IPS.
Quem pode dar sangue?
Pode tornar-se dador quem tem hábitos de vida saudáveis, esteja em bom estado de saúde, tenha peso igual ou superior a 50 kg e idade compreendida entre os 18 e os 65 anos. “Para uma primeira dádiva, o limite de idade é os 60 anos embora possa ser aceite posteriormente mediante avaliação clínica”, esclarece Leonilde Outerelo.
Os homens podem dar sangue de três em três meses (o correspondente a quatro vezes/ano), e as mulheres de quatro em quatro meses (três vezes por ano), sem qualquer prejuízo para si próprios. “Uma unidade de sangue total representa 450 ml. Cada pessoa tem em circulação cinco a seis litros de sangue, dependendo da sua superfície corporal. O sangue doado é rapidamente reposto pelo nosso organismo. Não há qualquer possibilidade de contrair doenças através da dádiva de sangue, pois todo o material utilizado é estéril, descartável e usado uma única vez”, salienta a responsável do IPS.
São conhecidas algumas contra-indicações à dádiva de sangue, devendo o candidato a dador responder com verdade ao questionário que preenche e dar o seu consentimento informado através da sua assinatura. Posteriormente durante a entrevista médica o clínico irá avaliar a possibilidade de determinada pessoa poder ou não dar sangue. “É também no momento de avaliação que o potencial dador fica a saber se terá ou não glóbulos vermelhos suficientes para poder dar sangue e não ficar prejudicado. Mede-se a tensão arterial e a frequência cardíaca. Se o dador reunir todas as condições, ficará apto e passa à fase de colheita propriamente dita”, diz-nos Leonilde Outerelo.