HPV, género masculino
Quando se fala no vírus HPV pensa-se de imediato na mulher, porque este vírus aumenta o risco de cancro do colo do útero. A verdade é que também pode causar problemas de saúde ao sexo masculino.
São mais de uma centena os vírus da família HPV, a sigla em língua inglesa para Vírus do Papiloma Humano. Alguns deles, os de maior risco, estão associados a um dos cancros mais comuns na mulher – o cancro do colo do útero. E porque são de facto agressivos o rastreio faz parte dos exames ginecológicos de rotina, mediante a realização do chamado teste de papanicolau ou citologia.
Pela mesma razão, se investiu no desenvolvimento de vacinas vocacionadas para a prevenção entre as jovens.
Mas este não é um vírus exclusivo do sexo feminino. É, aliás, um vírus tão comum que se calcula que afecte cerca de metade dos adultos sexualmente activos. Não significa isto que contraiam alguma doença, apenas que, a dado momento da sua vida, estiveram em contacto com o vírus.
Nos homens, o que acontece com frequência é que o HPV não causa sintomas, pelo que se desconhece a existência de infecção. Porém, o risco de transmissão a um parceiro sexual – este é um vírus de transmissão sexual – está sempre presente. Pode acontecer, aliás, que o vírus se declare anos depois do contacto de risco, tal como pode acontecer que desapareça espontaneamente.
Cerca de 30 membros desta grande família de vírus estão associados a cancros genitais. O HPV-16 e o HPV-18 são responsáveis pela grande maioria dos casos de cancro do colo do útero na mulher e os estudos mais recentes indicam que poderão estar também na origem de cancro nos genitais masculinos.
Todavia, quer o cancro do pénis, quer o anal são raros, sobretudo em homens com um sistema imunitário saudável. Já em homens com as defesas comprometidas por doenças como a infecção por VIH/Sida a probabilidade é maior. E cresce mais em homossexuais e bissexuais activos.
Sinais do vírus
Mais provável do que estes tipos de cancro são as verrugas genitais. Causadas por vírus HPV menos agressivos, são erupções na pele que surgem nos genitais, neste caso o pénis, os testículos, as virilhas e o ânus. Algumas agrupam-se formando como que uma couve-flor, mas outras são tão discretas que passam despercebidas, confundindo-se com a pele saudável. Surgem no espaço de semanas ou meses após o contacto sexual de risco, mas não causam dor, o que aumenta a dificuldade em identificá-las.
A dificuldade aumenta pelo facto de não existir um teste que permita detectar a presença do HP V. E mesmo as verrugas são confirmadas através de um simples exame visual, podendo o médico utilizar uma solução com vinagre para conferir relevo às que são mais planas – contudo, este é um método que pode induzir em erro ao identificar pele normal como sendo uma verruga.
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As verrugas genitais tratam-se, com medicamentos, cirurgia ou crioterapia (com recurso ao frio). Contudo, é possível que regressem mesmo após o tratamento, pelo que são necessárias várias tentativas até solucionar o problema. Podem, além disso, desaparecer por si só. É por isso que nem sempre o tratamento é aconselhado, tanto mais que não reduz necessariamente o risco de transmissão do HP V e não há o risco de evoluírem para cancro ou ameaçarem a saúde de qualquer outra forma.