Glúten: Tolerar a intolerância

A intolerância ao glúten implica deixar ao longe alguns alimentos que aguçam o apetite. Mas, mesmo sem chocolates, bolos ou pizzas, não faltarão saborosos motivos para celebrar a Vida!
Viver implica comer, porque os alimentos são os nossos fornecedores de energia e nutrientes essenciais.
Só que, para cumprirem a missão, têm de ser digeridos e absorvidos no tubo digestivo. acontece que algumas pessoas têm um organismo que desencadeia certas reacções quando alguns alimentos entram em contacto com a mucosa intestinal, penalizando o normal funcionamento do sistema digestivo. esta intolerância alimentar pode ser devida a alimentos como o peixe, o marisco, o leite e a laranja, entre outros, e ser temporária ou permanente. no caso das intolerâncias para a vida, o glúten, uma proteína insolúvel existente na maioria dos cereais que comemos – no trigo, centeio, cevada e, segundo alguns autores também na aveia; o milho e o arroz não contêm –, é a condicionante dos doentes celíacos. Com efeito, o glúten constitui um factor de agressão do intestino, que fica com uma capacidade de absorção dos alimentos diminuída.
Gradualmente, o organismo assinala a disfunção: no adulto. a diarreia crónica é o principal sintoma, mas também pode ocorrer prisão de ventre, perda de peso, acompanhada de dores ósseas e cãibras (devido à deficiente absorção de cálcio, magnésio e potássio), anemia (devido à carência de ferro por má absorção intestinal), inchaço das extremidades dos membros e alterações no ciclo menstrual, só para referir alguns.
Também nas crianças, a diarreia é a manifestação mais frequente, associada a vómitos, estômago distendido, pele seca, aumento da irritabilidade, perda de peso e, até, atraso no desenvolvimento.
A intolerância tende a manifestar-se quando se introduz o glúten na dieta, o que acontece, em regra, entre os quatro meses e os seis meses, quando o bebé diversifica os alimentos passando a incluir as papas, as bolachas e eventualmente o pão. Entre os 6 e os 24 meses, a criança mostra sinais de irritação, a sua barriga fica inchada e as fezes são mais frequentes, moles e volumosas. É por isso que as papas com glúten são desaconselhadas antes dos seis meses de idade: para minimizar a reacção que este poderá causar, em caso de intolerância.
O diagnóstico parte de análises ao sangue e às fezes, de modo a confirmar a existência de má absorção dos alimentos e a pesquisar os anticorpos específicos da doença celíaca, seguindo-se uma biópsia ao intestino, para identificar as lesões características na mucosa intestinal. Só então o médico recomendará a exclusão do glúten da dieta, por forma a não falsear os resultados dos exames.
Actualmente não há solução para esta limitação, até porque ainda não foi identificada uma origem concreta para esta doença, apenas uma predisposição genética, embora se desconheça a forma de transmissão: existe a probabilidade da existência da doença em familiares de primeiro grau de um celíaco.
Absoluto rigor
O tratamento cinge-se a uma dieta sem glúten. Para sempre. Rigorosa, sem ilusões nem tentações. Uma dieta que exclui todos os alimentos que contêm trigo, cevada, aveia e centeio ou derivados.
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