Infidelidade » Romances pela Internet
Na Internet, sem dados objectivos, é mais fácil soltar as fantasias, imaginar o parceiro de uma forma idealizada e até mesmo apresentar uma imagem idealizada de si próprio. Os romances pela Internet estão a tornar-se num clássico, que culmina geralmente num encontro. Alguns tornam-se em casos amorosos com dimensões sexuais enquanto outros constituem um choque pelo facto da fantasia se desvanecer aquando do contacto com a realidade.
Cada dia que passa me sinto mais triste, e só, estou a tomar anti-depressivos e calmantes pois comecei com ataques de pânico há cerca de um ano atrás.
Há tempos recebi no computador de casa um email para o meu marido de uma senhora a dizer que o amava. Passam-se meses que não fazemos sexo, todas estas coisas me estão a dar cabo do juízo, pois não acho normal e não consigo confiar nele como confiava.
Quando confronto o meu marido com tal, diz-me que apenas falou com ela num Chat e quanto ao resto diz-me que anda cansado e com muito trabalho.
Sinto-me triste só me apetece chorar e nem para os meus filhos tenho paciência. Penso várias vezes em bater com a porta mas depois penso e os miúdos? Não têm culpa.
Luísa, 35 anos*
*Este caso baseia-se em factos reais e foi recebido no espaço “consultório aberto”. Alguns dados foram alterados a fim de proteger a identidade dos intervenientes.
Os romances pela Internet, mesmo os que se mantêm puramente no domínio “virtual”, tal como a infidelidade em geral, podem ter várias origens. No entanto, quando o contacto permanece meramente no “virtual”, o cônjuge tende a desvalorizar a seriedade do caso amoroso pelo facto de não ter um cariz sexual, mesmo que seja evidente uma energia sexual que trespassa.
Neste caso, o cônjuge fará bem em prestar atenção a dois sinais de perigo comuns: passar mais tempo na “companhia” do parceiro “virtual” do que com o cônjuge, e o confidente principal ser o parceiro virtual e não o cônjuge. Se algum destes padrões estiver presente peça ajuda já, antes que a situação se torne mais complicada.
No amor, a fidelidade implica exclusividade: amor por uma só pessoa, relações sexuais só com ela.
Como no monoteísmo “não terás outro Deus além de mim”.
Do ponto de vista biológico, em quase todas as espécies animais e fundamentalmente nos mamíferos, o macho difunde e produz milhões de espermatozóides. Na base do seu comportamento sexual está o princípio da inseminação de todas as fêmeas que for possível. A fêmea, pelo contrário, anda à procura de um macho dotado do melhor património genético para garantir uma descendência forte e vencedora.
Assim, o homem é mais estimulado pela diversidade – sente-se fascinado pelo corpo de uma mulher -, a mulher, por outro lado, mesmo quando admira um corpo masculino, não se contenta com isso, desejando galanteio e a promessa de uma relação íntima.
Qualquer traição levante questões sobre a confiança e os valores próprios, mas as traições sexuais tocam-nos profundamente pelo facto de se relacionarem com o amor e com o abandono, activando fantasias e medos arcaicos. No homem, a infidelidade desencadeia sentimentos de impotência, castração.
Já na mulher estes sentimentos parecem surgir na beleza corporal – sente-se feia, nada atraente.