Hipertensão arterial » Pela sua saúde, não cruze a barreira dos 140/90
A Medicina chama-lhe «assassina silenciosa» porque a esmagadora maioria dos hipertensos não apresenta, durante muito tempo, sinais ou sintomas que façam suspeitar da presença da doença. A hipertensão só dá sinais de vida numa fase avançada, geralmente depois de um de três órgãos vitais já estar danificado. Descubra como prevenir esta doença.
O que é a hipertensão arterial?
Quando o sangue faz uma pressão muito elevada sobre as paredes das artérias estamos perante uma patologia designada por hipertensão arterial. HTA é a sigla usada pela Medicina para identificar esta doença.
O que significam os números da pressão arterial?
Existem dois valores a reter: pressão sistólica (quando o coração se contrai, obtém-se o valor da pressão mais elevada dentro das artérias) e diastólica (durante a diástole, quando o coração relaxa entre dois batimentos, obtém-se o valor da pressão mais baixa). Estas duas pressões traduzem-se em números, sendo que primeiro surge sempre a pressão sistólica seguida da diastólica. O resultado final será qualquer coisa como, por exemplo, 116/72, medidos em milímetros de mercúrio ou mmHg.
Quais são as causas da doença?
Existem três tipos de hipertensão. No caso da primária ou essencial – onde cabem 85 a 90% dos casos de hipertensão arterial – não é possível identificar as causas. Pensa-se que a componente hereditária poderá ter algum papel no desencadear da doença.
Já no caso da hipertensão secundária, que afecta entre 10 e 15% dos doentes, a causa é conhecida e identificada. Geralmente, a hipertensão arterial é provocada por uma outra doença já existente. Por exemplo, doenças que afectam os rins, órgãos muito importantes no controlo da pressão sanguínea.
Em apenas 1 a 2% das situações de hipertensão arterial secundária podem ser encontradas outras causas: disfunção hormonal ou uso de determinados fármacos, como os contraceptivos orais.
A diabetes pode, também, ser responsável pelo desenvolvimento de hipertensão arterial secundária, uma vez que pode provocar aterosclerose, isto é, placas de gordura que se colam às paredes dos vasos sanguíneos, estreitando o seu interior. Assim, a aterosclerose vai interferir com o fluxo sanguíneo que, com menos espaço para circular, vai fazer mais pressão durante o seu percurso.
Existem ainda comportamentos que podem levar ao aumento da pressão do sangue nas artérias de quem já tem uma propensão natural (herdada) para a desenvolver. Por exemplo, dietas desequilibradas, fumo, consumo excessivo de álcool ou sal, assim como um estilo de vida sedentário.
O stress pode também estar na origem da hipertensão, mas apenas de forma temporária, uma vez que a pressão exercida pelo fluxo sanguíneo volta ao normal assim que a situação de stress termina.
A partir de que valores se considera que um indivíduo é hipertenso?
É preciso que a pressão diastólica em descanso seja superior a 140 mmHg e que a diastólica, também em descanso, seja superior a 90 mmHg. Quanto mais elevados forem os valores mais riscos corre o indivíduo.
Os idosos são uma excepção: a maioria dos hipertensos apresenta ambas as pressões elevadas, enquanto os mais velhos têm apenas a sistólica elevada, enquanto a diastólica é igual ou inferior a 90 mmHg.
A hipertensão pode desencadear outros problemas de saúde?
Sim, pode ter graves consequências para a saúde do indivíduo, sobretudo porque não dá sinais de vida até ter danificado um de vários órgãos vitais: coração, rins ou cérebro.
O doente hipertenso, na maior parte dos casos, nunca saberá que é portador da doença se não medir, voluntariamente, a sua pressão sanguínea. Os sintomas e sinais frequentemente associados à hipertensão, como tonturas, dores de cabeça e nervosismo, raramente têm alguma coisa a ver com a hipertensão. É, portanto, uma doença silenciosa.
O que acontece quando a hipertensão não é detectada ou não é tratada?
Ao longo dos anos, a pressão excessiva que o sangue faz sobre as artérias vai danificando os vasos sanguíneos e, por consequência, os principais órgãos vitais do organismo.
Entre outras situações, pode acontecer que a função do órgão vá diminuindo gradualmente porque recebe sangue insuficiente. A falta de irrigação pode dar-se por vários motivos, desde a oclusão completa de um vaso já muito estreito, ao seu rompimento ou obstrução por um coágulo. Perante este cenário, podem acontecer várias coisas, desde enfarte do miocárdio, acidente vascular cerebral ou gangrena de pé, consoante a zona afectada.
Quando se considera uma parede arterial enfraquecida por estar há muito tempo sujeita a pressão sanguínea elevada, é preciso ter em conta que esta pode ceder e dilatar-se. Formam-se, então, pequenos balões a que se chamam aneurismas. Se isto acontecer na artéria aorta ou numa artéria do cérebro, a vida do doente fica em perigo.
A insuficiência cardíaca – quando o coração não consegue bombear sangue suficiente para satisfazer as necessidades do organismo – pode ser outra das consequências de uma hipertensão arterial não tratada. Isto porque o excesso de pressão nas artérias obriga o coração a trabalhar mais para bombear o sangue.
Este esforço adicional pode resultar na hipertrofia do coração que, mais tarde, se vai dilatar. Pode acontecer, por outro lado, que o fluxo de sangue que chega ao coração seja insuficiente, dando origem à angina de peito.