Entrevista ao Prof. Fernando de Pádua - Médicos de Portugal

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Entrevista ao Prof. Fernando de Pádua

19 Setembro, 2005 0

O Professor Fernando de Pádua é o Presidente do Instituto de Cardiologia Preventiva. É ainda Presidente da Fundação Professor Fernando de Pádua que tem como objectivo a promoção da saúde e a melhoria da qualidade de vida. Com um trabalho de mais de 50 anos a difundir ensinamentos de educação para a saúde, o Professor concedeu-nos uma entrevista em que dá conselhos sobre a prevenção de doenças de forma a promover a saúde das populações.

Que conselhos dá para a prevenção das doenças do coração?

Eu explico aos meus doentes que a tensão alta é gravíssima enquanto existe e temos de a tratar. O seu Médico de Família no Centro de Saúde é que o acompanha e o conhece, mas quem tem de tratar de si é você.

Vá controlando a tensão. Vá registando os valores da tensão e se a medicação não resultar, volte ao seu médico. Não deve parar de tomar medicamentos quando já se sente bom. A hipertensão deve ser tratada pelo próprio com a colaboração inestimável e absoluta do seu Médico de Família. É ele quem vai controlando, mudando a medicação, ajustando-a ao seu caso e vai prevendo as complicações.

A hipertensão é a nossa doença principal. A nossa intenção é a de que os doentes aprendam o que é a tensão, tenham aparelho de medição ou usem o que existe nos Centros de Saúde e nas farmácias para que possam ir controlando, embora com indicação médica. A nossa luta neste momento é a procura do “hipertenso desconhecido”. Os múltiplos estudos que têm sido feitos pelo país sobre este tema detectaram entre 30 e 40% de pessoas com hipertensão arterial. O problema é que desses, menos de metade se trata. E desses, menos de metade ou talvez 1/3 desconhece completamente que tem tensão elevada. O que em números redondos fará que haja um milhão de hipertensos desconhecidos. Ainda pouca gente utiliza esse termo, mas eu uso-o e para mim tensão arterial elevada é 14 ou mais. Entre 12 e 14 é a faixa da pré hipertensão. O que nós deveríamos ter é 12,11 ou 10. Quando temos 13 ou 14 é porque estamos a caminho da hipertensão. Portanto, não estamos a fabricar doentes, mas sim a escolher uma faixa de pessoas que já não têm uma tensão normal e que devem ter especial atenção a esse problema e aos factores de risco que agravam a tensão. Isto porque uma tensão de 19 é muito grave, mas se for de 19 com tabaco, é três vezes mais grave. A tensão de 19 com colesterol elevado ou com açúcar elevado no sangue é duas ou três vezes mais grave. Uma coisa é o doente com hipertensão e mais nada. Outra é o doente hipertenso que fuma, que tem o colesterol alto ou glicémia elevada e aí a mortalidade é 9 ou 10 vezes maior e mais grave. Cada pessoa que tiver um aparelho para medir a tensão arterial deve oferecer-se para medir a familiares, amigos e vizinhos: para descobrirmos o milhão que falta! A verdade é que, em cada dia que passa, morrem 60 pessoas por acidente vascular cerebral.

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