TEV (Tromboembolismo Venoso): A Trombose dos Viajantes
Os meios de comunicação social falam dela com uma certa regularidade chamando-lhe a “síndrome da classe económica”, a propósito de possíveis distúrbios do sistema circulatório que podem afectar passageiros em viagens de avião (mas também de carro, autocarro ou de comboio) de longo curso.
Estes distúrbios circulatórios ocorrem quando há bloqueio do fluxo de sangue dentro de um vaso sanguíneo por causa de um coágulo ou trombo – tromboembolismo venoso ou TEV . Este termo envolve quer a formação do coágulo, com inflamação do vaso sanguíneo envolvido, quer a sua complicação mais grave e mais temida, a embolia pulmonar (ocorre quando o trombo migra através da veia cava inferior até ao coração, onde é bombeado até aos pulmões).
Entrando em mais detalhes, a imobilidade prolongada, em especial quando um indivíduo se encontra sentado, favorece a acumulação de sangue nas pernas, daí podendo resultar inchaço, dureza e um grande desconforto dos membros inferiores.
Pois esta imobilidade é um dos factores que predispõe ao desenvolvimento e formação de um trombo numa veia profunda. Algumas investigações indiciam que o TEV pode justamente resultar da imobilidade prolongada, refere-se mesmo que o risco de TEV quase triplica após viagens de longo curso (mais de 4 horas). O risco aumenta com a duração da viagem e com a realização de múltiplas viagens áreas num curto espaço de tempo.
Quem pode vir a sofrer de TEV
O risco de desenvolvimento de TEV no viajante aumenta na presença de outros factores de risco, tais como:
• História anterior de TEV ou embolia pulmonar
• História de TEV ou de embolia pulmonar num familiar directo
• Terapêutica com estrogénios – contraceptivos orais ou terapêutica hormonal de substituição
• Gravidez
• Cirurgia ou traumatismo recente, particularmente da região abdominal, pélvica ou dos membros inferiores
• Cancro
• Obesidade (acúmulo de gordura na barriga ou nos quadris)
• Algumas doenças hereditárias de coagulação.
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As pessoas com um ou mais dos factores de risco assinalados, devem atempadamente obter aconselhamento específico junto do seu médico, ou numa consulta de aconselhamento ao viajante, em caso da realização de uma viagem com duração apreciável. Pode até ser recomendada pelo médico a toma preventiva de medicamentos anticoagulantes.
Recorde-se que na maioria dos casos de TEV os coágulos venosos são pequenos e assintomáticos, sendo reabsorvidos pelo organismo sem qualquer consequência e sem efeitos a longo prazo. São os coágulos de maiores dimensões que podem causar sintomas como edemas daspernas e dor. Sabe-se que o TEV é mais frequente em pessoas idosas.
Há investigadores que têm sugerido a existência de risco inerente ao tabagismo e à presença de insuficiência venosa/varizes dos membros inferiores.
É importante também referir que as pessoas que já tenham sofrido de doença tromboembólica não devem viajar sem uma consulta de aconselhamento ao viajante.
Como prevenir o TEV
Para reduzir o risco de TEV e diminuir o inchaço que costuma ocorrer nos membros inferiores, deve caminhar-se pelo corredor do avião a cada duas a três horas durante o voo, sempre que tal seja considerado seguro. Recorde-se que o movimento ao longo da cabine, durante os voos de longa duração, ajudam a reduzir o período de imobilidade prolongada.