Rastreio nacional confirma » Portugueses com colesterol a mais
Mais de metade dos portugueses tem níveis de colesterol superiores aos recomendados. Esta é a principal conclusão do rastreio nacional incluído na campanha «Colesterol, cuidado com ele».
No estudo apoiado pelos laboratórios Pfizer e promovido pela Fundação Portuguesa de Cardiologia, Sociedade Portuguesa de Cardiologia, Sociedade Portuguesa de Aterosclerose, Associação Portuguesa de Médicos de Clínica Geral, 54,3% dos rastreados apresentam índices de colesterol acima dos 190 mg/dl, ou seja, com um risco acrescido de sofrerem acidentes cardiovasculares.
Os 5583 indivíduos observados permitiram também detectar níveis preocupantes na avaliação da tensão arterial e do índice de massa corporal. Quase metade dos portugueses (49%) apresentavam valores de hipertensos e 59% tinham peso excessivo. Em relação a este último vector, refira-se que 18% dos indivíduos estavam já nos níveis de obesidade.
Na apresentação dos resultados do rastreio, o Prof. Manuel Carrageta, presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia (FPC), retratou de forma sugestiva o problema do excesso de peso em Portugal:
«Quando andava na escola havia um gordo, que era gozado. Hoje é o inverso, os chamados lingrinhas é que são discriminados.»
A mistura explosiva de elevados níveis de colesterol, hipertensão e excesso de peso é determinante para estatísticas assustadoras: Portugal detém a maior incidência de acidentes vasculares cerebrais na Europa (nove AVC’s por hora) e o enfarte agudo do miocárdio é a terceira causa de morte no grupo dos 35 aos 44 anos.
A campanha coordenada pelo Dr. Luís Negrão, da FPC, sublinhou esta realidade através de uma das suas frases-slogan: «Portugal é campeão europeu em acidentes que não acontecem na estrada. Acontecem na sua cabeça.»
O «adulto jovem» constituiu o grande pólo de preocupações deste rastreio. Cerca de 75% dos observados estão em idade activa, o que, atendendo aos resultados obtidos, confirma os elevados níveis de colesterol nas gerações mais novas. Manuel Carrageta afirmou mesmo que, segundo a perspectiva científica, e pela primeira vez na história da Humanidade, «os filhos vão viver menos que os pais».
Saber distinguir
Acima de que valor se considera que o colesterol está elevado? Vários laboratórios de análises clínicas apresentam como valor de referência para o colesterol os 250 mg/dl, quando a Sociedade Portuguesa de Aterosclerose considera 190 mg/dl como valor limite.
As respostas dadas no rastreio nacional a esta pergunta demonstram a confusão entre os dois valores, já que apenas 39,8% dos indivíduos identificaram correctamente esse valor. Ainda assim, são poucos os que acreditam no limite de referência que alguns laboratórios apresentam (apenas 5,6% responderam 250 mg/dl).
Outro dado curioso é a consciencialização da população observada sobre os seus próprios níveis. Quase metade (43,1%) ficou surpreendida com o resultado do colesterol e, neste contingente, 64,1% apresentavam valores superiores aos recomendados.
O colesterol é uma substância vital para o organismo. Em excesso torna-se prejudicial, uma vez que se deposita nas paredes das artérias que alimentam órgãos vitais como o coração e o cérebro, reduzindo-lhes o calibre e impedindo a normal passagem do sangue para esses órgãos.
O enfarte agudo do miocárdio e os acidentes vas culares e cerebrais são os efeitos mais frequentes e temidos desta obstrução.
A alimentação incorrecta (abuso de sal, gorduras animais e álcool), o tabaco e o pouco exercício físico são os grandes detonadores do colesterol.
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