Próstata sem receios…
Em torno das doenças da próstata gravita ainda muito desconhecimento e receio. Mas o rastreio e o diagnóstico precoce são essenciais para diminuir a mortalidade associada a estas doenças, de que o cancro é a face mais visível.
Há estudos que indicam que nove em cada dez homens já ouviram falar de cancro da próstata, mas apenas cerca de 20 por cento consultou o médico para falar sobre a doença e submeter-se a rastreio e diagnóstico precoce.
Estes dados são elucidativos do modo como os homens portugueses encaram uma doença que, entre eles, é a segunda causa de morte oncológica, com cerca de 1.800 óbitos anuais e quatro mil novos casos diagnosticados.
Este é um dos factores que pode ajudar a explicar a elevada proporção que o número de mortes assume no número de diagnósticos anuais. É que, com frequência, o cancro da próstata é diagnosticado tardiamente. Por um lado, porque pode desenvolver-se sem sintomas e, por outro, porque muitos homens ainda são relutantes no que respeita ao rastreio.
E porquê? Essencialmente porque a próstata é um órgão do aparelho reprodutor masculino, logo associado à sexualidade. É uma glândula que contribui para a fertilidade na medida em que produz um líquido que compõe o esperma e que transporta os espermatozóides, embora não interfira no desempenho sexual. O que pode acontecer é que formas graves de algumas doenças relacionadas com a próstata, bem como alguns dos tratamentos destinados a essas doenças, originem problemas de disfunção eréctil.
Do mesmo modo, muito embora a próstata não integre o sistema urinário, as doenças com ela relacionadas causam incómodo a este nível: é que a glândula situa-se logo abaixo da bexiga, envolvendo a parte inicial da uretra, o canal que conduz a urina até à extremidade do pénis, por onde é expelida.
É, pois, uma glândula complexa, mas da qual os homens não se apercebem ao longo da vida. Até que, com o passar dos anos, podem surgir alguns problemas, sendo que as doenças da próstata ocorrem essencialmente após os 50 anos, podendo ocorrer antes, se houver antecedentes genéticos. São problemas que, no mínimo, comprometem a qualidade de vida mas que podem, em alguns casos, ser graves de forma a pôr em causa a própria vida. Muito depende de um diagnóstico precoce.
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50 anos, a idade da vigilância
É pela quinta década de vida que os homens devem fazer, com regularidade, a vigilância da saúde da próstata, de modo a detectar precocemente eventuais alterações e a agir no sentido do seu tratamento.
Uma das doenças da próstata é a prostatite, uma inflamação causada muitas vezes por uma bactéria e que se manifesta através de uma vontade frequente e urgente de urinar, dor e sensação de queimadura quando se urina, bem como dor pélvica na região inferior das costas.
A estes sintomas pode juntar-se, nas situações agudas, a febre, mal-estar semelhante ao da gripe e ainda dor durante a ejaculação.
Quando a origem não é bacteriana, os sintomas são semelhantes, mas sem febre. A maior diferença reside no facto de não serem detectadas bactérias na urina ou no líquido produzido pela glândula. É ainda possível que a prostatite se desenvolva sem sintomas. Nem sempre é fácil diagnosticar uma prostatite, dado que muitos dos seus sintomas se confundem com os de outras doenças, como infecções urinárias – também aqui surge uma vontade urgente e frequente de urinar, uma sensação de ardor e, por vezes, sangue na urina.