A Primavera, os pólenes e as alergias

A chegada da Primavera é, para a maioria das pessoas, uma época bem-vinda. O aumento do número de horas de sol, a redução das chuvas e o aumento da temperatura propiciam as actividades ao ar livre, tão benéficas para a saúde.
Mas se isto é verdade para a maioria das pessoas, há aquelas para quem a chegada da primavera corresponde à chegada do inferno: os olhos lacrimejam; no nariz, as crises de espirros alternam com o irritante pingo e com períodos de total entupimento; há prurido no nariz, na garganta, nos ouvidos, nos olhos e na pele; a dor de cabeça, muitas vezes associada à intolerância à luz do sol, pode tornar difíceis as actividades da vida diária. Mas se todo este quadro gera grande incomodidade, a situação é bem pior se surgem as crises de falta de ar.
Chegaram os pólenes!
Os pólenes são minúsculos grãos reprodutores masculinos das plantas, invisíveis à vista desarmada. São uma das principais causas de doença alérgica, provocando a inflamação das mucosas com que contactam: a conjuntiva ocular (conjuntivite) e toda a mucosa respiratória, do nariz (rinite) aos brônquios (asma), passando pela laringe (laringite) e pela faringe (faringite).
As concentrações mais elevadas de pólenes na atmosfera verificam-se nos meses de Abril a Julho, quando a maioria das plantas está em polinização, e aumentam quando há vento e o ar está mais seco. Porém, até no Inverno há pólenes, como acontece com os das árvores da família dos ciprestes que polinizam em dezembro-janeiro. As gramíneas, a erva parietária, também conhecida por alfavaca, o pinheiro e a oliveira são as mais importantes causas de polinose em Portugal.
A alergia aos pólenes, pela sua importância e gravidade potencial, deve ser tratada. E para o tratamento há recursos muito eficazes quando geridos por especialistas. Porém, o sucesso do tratamento passa, também, por uma actuação correcta do doente face aos pólenes e essa actuação exige o cumprimento, durante a época polínica, das seguintes dez medidas:
- Sempre que sair para o exterior, deve usar óculos de proteção;
- Se puder, permaneça no interior de uma habitação durante as horas em que o vento soprar com maior intensidade;
- Aproveite a maior humidade existente na atmosfera após o pôr do sol para, a partir dessa altura, arejar a sua habitação;
- Certifique-se que as janelas de sua casa estão bem vedadas. Janelas com frestas deixam entrar pólenes; • Evite ter em casa plantas polinizadoras. Se tal acontecer, coloque-as no exterior durante a época de polinização;
- Quando viajar de automóvel, faça-o com as janelas fechadas. Viajar com as janelas aberta concentra pólenes no interior da viatura. No início da época polínica, assegure-se da boa manutenção do respectivo filtro de pólenes;
- Se viajar de motociclo, faça-o usando um capacete integral com a viseira fechada. Se for possível, evite este meio de locomoção no período de maior polinização;
- No período primavera-verão, passe os tempos livres à beira-mar, local onde, devido à humidade natural, há menor concentração de pólenes na atmosfera;
- Não brinque nos relvados e afaste-se dos que estão a ser tratados. O corte da relva origina uma intensa libertação dos pólenes dessas gramíneas;
- Se as queixas forem muito intensas, evite praticar actividade física ao ar livre. A época de polinização é uma boa altura para um doente alérgico aos pólenes praticar actividade física indoor.
O cumprimento destas 10 medidas comportamentais contribui para um melhor controlo da alergia aos pólenes, constituindo-se como um excelente auxiliar da medicação, permitindo apreciar com mais saúde e tranquilidade toda a beleza que a natureza tem na primavera.
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