Optimização do Tratamento da Doença Cardiovascular - Médicos de Portugal

A carregar...

Optimização do Tratamento da Doença Cardiovascular

21 Junho, 2005 0

NOVAS ESTRATÉGIAS PARA A PREVENÇÃO DO RISCO NO DOENTE DIABÉTICO. A DIABETES MELLITUS (DM) constitui um poderoso factor de risco cardiovascular (CV) e, por outro lado, a doença CV também representa uma causa importante de mortalidade e de morbilidade nos doentes diabéticos. Diversos estudos epidemiológicos mostraram que, independentemente do número de factores de risco presentes, a DM associa–se e leva sempre a um incremento de duas a três vezes do risco de mortalidade CV. Por outro lado, os doentes diabéticos sem enfarte do miocárdio prévio têm um risco semelhante ao dos doentes com antecedentes de enfarte do miocárdio, pelo que a DM constitui um equivalente de doença coronária (DC).

Um estudo efectuado por Steve Nissen, da Cleveland Clinic, chamou a atenção para a DC silenciosa nos doentes diabéticos. Este investigador efectuou coronariografia e ultra-sonografia intracoronária a doentes diabéticos assintomáticos, ou seja, sem antecedentes de DC. Apesar de não se terem observado estenoses angiograficamente significativas na coronariografia, demonstrou-se a presença de placas ateroscleróticas subendoteliais na ultra-sonografia intracoronária, ou seja, estes doentes têm DC silenciosa. Estes resultados constituem o substrato patológico para o conceito de equivalência de DC associado à DM.

O estudo UKPDS mostrou que um dos principais factores preditivos da doença CV é a dislipidemia. Em primeiro lugar estão os níveis de colesterol-LDL e em segundo os níveis de colesterol-HDL. A dislipidemia aterogénica é o tipo de dislipidemia mais frequentemente presente nos diabéticos, e que se define pela presença de níveis elevados de apoB (proteína transportadora das LDL), níveis baixos de colesterol-HDL, níveis elevados de triglicéridos e partículas LDL pequenas e densas.

Diversos estudos de prevenção secundária demonstraram que as estatinas são eficazes na redução dos eventos coronários major. Fármacos como a simvastatina, a pravastatina e a fluvastatina mostraram uma redução do risco CV global de 26%. Também os estudos de prevenção primária com as estatinas mostraram uma redução significativa do risco relativo de eventos coronários. Mais recentemente, no estudo LIPS efectuado numa população de doentes submetidos a angioplastia coronária, a fluvastatina mostrou uma redução do risco de eventos coronários major em 22%, durante um período de tratamento de cerca de quatro anos. No entanto, nos doentes diabéticos, que constituem um grupo de risco mais elevado, a redução da taxa de eventos major foi de 47%.

Outros estudos de prevenção primária e secundária efectuados com estatinas publicaram subanálises de doentes diabéticos, como o ASCOT com a atorvastatina, o 4S e o HPS com a simvastatina, o LIPID e o CARE com a pravastatina. Globalmente, o benefício das estatinas foi maior nos doentes diabéticos, mas o maior benefício observado foi o da fluvastatina que, como já referimos, apresentou uma redução de cerca de 50% no estudo LIPS. O estudo LIPS, efectuado com a fluvastatina, foi realizado em doentes com níveis relativamente baixos de LDL (132 mg/dl) no início do estudo, o que é inferior ao observado nos outros estudos de prevenção primária e secundária (Fig. 1).

O único estudo efectuado numa população exclusiva de doentes com DM foi o estudo CARDS. Este estudo foi efectuado em doentes diabéticos sem DC conhecida e comparou a atorvastatina vs placebo. No final de cerca de quatro anos de seguimento, verificou-se uma redução significativa na taxa de eventos coronários major.

Os níveis de colesterol-HDL constituem um factor independente de risco CV, Esta variável é particularmente importante nos doentes diabéticos porque a dislipidemia aterogénica quase sempre inclui níveis baixos de colesterol-HDL. A importância do colesterol-HDL foi muito bem-evidenciada no estudo clínico Lipid Research Clinics, mostrando uma relação clara entre a mortalidade por DC e os níveis de HDL à entrada à entrada no estudo. Os doentes com níveis de HDL < 35 mg/dL apresentaram a maior taxa de mortalidade no seguimento.

Páginas: 1 2 3

ÁREA RESERVADA

|

Destina-se aos profissionais de saúde

Informações de Saúde

Siga-nos

Copyright 2017 Médicos de Portugal por digital connection. Todos os direitos reservados.