Olhar atento à visão do seu filho
Sabia que se deve preocupar com a saúde dos olhos do seu filho desde o nascimento? E que há situações que estão presentes quando o bebé nasce e podem ser logo detectáveis, quer pelo pediatra, quer pelos pais? Sabe se o seu filho vê bem? Siga os conselhos da Dra. Alcina Toscano, oftalmologista pediátrica da Clínica CUF Descobertas e de Cascais
Existem alguns sinais de alerta a que não deve deixar de estar atento, como por exemplo, “o reflexo branco no centro da pupila (menina do olho) ou perda do luar pupilar”, explica Alcina Toscano. Este reflexo é visível se olhar para as pupilas do bebé, sendo mais fácil de detectar quando ele olha para a luz directamente. “Numa fotografia, nota-se pela perda do reflexo vermelho luminoso. Neste caso, podemos estar perante determinadas doenças oculares, que vão desde a catarata congénita a problemas mais graves como o retinoblastoma”, fundamenta a oftalmologista da CUF. O último, sendo raro, é um tumor maligno que requer tratamento urgente e pode implicar a perda de visão desse olho.
Deve estar atento a outros sinais relevantes: pupilas de tamanho ou forma desigual; a presença de um olho que desvia (ao que se chama estrabismo), não fixa ou não segue os movimentos do outro olho; olhos que dançam ou tremem (intitulados de nistagmos); cabeça inclinada em posição anormal; um olho menor que o outro; a pálpebra descaída ou lacrimejo excessivo. “Dependendo da idade, há sinais que permitem avaliar se a visão é ou não normal”, diz-nos Alcina Toscano. As horas passadas ao computador ou a jogar playstation podem ser prejudiciais, apesar de não estarem directamente relacionadas com problemas oculares. “Se em exagero e em más condições ergonómicas (má postura, luminosidade incorrecta, distância inadequada) contribuem para o aparecimento de sinais e sintomas, não só oculares como gerais”, explica a oftalmologista entrevistada nesta edição do Jornal do Centro de Saúde.
A visão nos primeiros tempos de vida
O recém-nascido de termo já tem a fixação presente, isto é, “consegue fixar a luz”. Entre os dois e os três meses, a fixação visual já está bem desenvolvida, a criança já tem um alinhamento ocular estável e segue bem a luz e objectos. “Com um mês e meio de idade e a cerca de 30 centímetros, a criança consegue reconhecer alguns detalhes do rosto, como os olhos e a boca de um adulto, acompanha com os olhos o movimento da cabeça dos pais e segue os movimentos de um objecto colorido a essa distância”, explica a oftalmologista pediátrica. Acompanhar estas primeiras capacidades visuais é uma experiência única.
Aos três meses, o bebé já observa um objecto situado mais longe e tenta alcançá-lo. Começa a olhar as mãos e brinca com elas aproximando-as e afastando-as. Mais tarde (aos quatro, seis meses) começa a interessar-se por objectos mais afastados, como a televisão e olha além da janela. Pega em objectos próximos e interessa-se por novas formas e cores.
“O normal desenvolvimento da visão dá-se de uma forma progressiva e pressupõe a chegada de imagens nítidas ao cérebro. Podemos dizer que por volta de um ano de idade, a criança vê cerca de 1/10, aos dois anos 5/10 e aos quatro anos, 10/10”, adianta Alcina Toscano.