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O medo… do medo

10 Novembro, 2011 0

Quem sente ataques de pânico tende a intensificar o medo de sofrer uma nova crise. Em última instância, isso pode tornar as pessoas reclusas na sua própria casa, prejudicando o convívio social e a vida profissional. Mas é possível superar “o medo do medo” com fármacos e outras terapias.

Sem que nada o preveja, o coração parece saltar do peito. Um batimento forte e rápido, semelhante ao galope de um cavalo. As mãos suam, o formigueiro toma conta do corpo e os tremores perturbam o raciocínio. Segundos em que palpitações e dores convergem num desconforto perturbador. Muitas pessoas que sofrem de ataques de pânico pensam que vão morrer – são normalmente 15 a 20 minutos verdadeiramente assustadores.

Súbitos, sem motivo aparente e frequentemente provocados por situações triviais, como uma ida ao cinema ou uma viagem de comboio, estes episódios de profunda ansiedade e medo são acompanhados por sintomas físicos habitualmente associados a uma resposta do organismo a uma situação de extremo perigo. Se alguém nos apontar uma arma de fogo, o corpo prepara-se para fugir, acelerando a frequência cardíaca, com um afluxo de sangue aos músculos, transpiração e rubor. Surge o medo e o estado de alerta agudiza-se. Só que num ataque de pânico, essas alterações acontecem sem que exista perigo real. No auge de cada crise, existe uma sensação de catástrofe iminente.

Este quadro imprevisível alcança a sua intensidade máxima em cerca de 10 minutos e normalmente dissipa-se em poucos minutos, não sendo por isso possível ao médico observar a sintomatologia mas apenas a ansiedade que ela provoca, envolvendo quem sofre a crise num clima de medo constante, receando o aparecimento de um novo episódio a qualquer momento.

Um ciclo vicioso com efeitos negativos na qualidade de vida, podendo mesmo abrir caminho à agorafobia – o receio de lugares públicos, de onde possa ser difícil sair rapidamente. Pode ser um estádio de futebol, um cinema, um aeroporto, um supermercado, um autocarro, comboio ou avião, uma ponte ou um túnel.

Nas situações mais graves, a pessoa acaba por se enclausurar na residência, o que, tendo em conta que a doença afecta sobretudo adultos jovens, pode revelar-se desastroso para o desenvolvimento profissional e social.

São habitualmente pessoas na plenitude das suas capacidades, do seu potencial de trabalho e que, devido aos ataques de pânico e à fobia a eles associada, podem, por exemplo, recusar uma promoção se ela implicar viajar.

Comum a estes doentes é, aliás, algum absentismo laboral, recusa sucessiva de convites profissionais e sociais (o que gera afastamento e perda dos contactos sociais), uma progressiva deterioração económica, o que vai acentuando o isolamento, tão típico de quem sofre de agorafobia. Afinal, o pensamento recorrente é “vou ter a crise novamente?”

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Sem prevenção, mas com tratamento

As estatísticas mostram uma maior incidência em mulheres, mas a causa permanece uma incógnita, ainda que se possam identificar alguns factores. Alguns estudos identificaram uma base genética – a probabilidade de surgirem ataques de pânico é quatro a oito vezes superior em pessoas com antecedentes familiares.

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