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Novo passo em frente no tratamento do cancro da próstata

1 Fevereiro, 2005 0

O cancro da próstata tem consequências graves que passam pela incontinência urinária e pela impotência, podendo mesmo conduzir à morte. O diagnóstico precoce é um factor crucial no tratamento deste tipo de cancro.

O cancro da próstata é um tumor maligno que surge na próstata, mas que pode alastrar a outros órgãos, em casos mais avançados. Os homens com idade superior a 50 anos são os mais afectados, embora possa aparecer em indivíduos mais jovens.

Segundo o Dr. Sérgio Barroso, oncolo­gista no Centro Hospitalar do Baixo Alentejo – Beja, «o cancro da próstata é uma doença muito silenciosa», em que os sintomas podem não ser totalmente perceptíveis para o homem. O indivíduo apresenta-se sem sintomas na fase inicial.

Mais tarde, em fases avançadas, apresenta sintomas, tais como dificuldade em urinar, uma frequência maior na necessidade de urinar, que pode mesmo surgir durante a noite, sangue na urina ou infecções urinárias. A dor local e nos ossos, quando está presente, é sinal de que a doença já está avançada.

Segundo o especialista, «o que acontece é que muitos homens já têm o hábito de se levantar durante a noite para ir à casa–de-banho, pelo que os sintomas são, na maioria das vezes, descurados».

Sérgio Barroso afirma ainda que estes sintomas podem confundir-se com pato­logias como a hipertrofia benigna da próstata, o que faz com que estes sintomas sejam muito difíceis de distinguir.

«No entanto, há que estar atento aos primeiros sintomas», avisa o médico.

O oncologista adianta também que não há factores de risco claramente associados a esta doença. Os especialistas sabem que indivíduos com familiares directos afectados pelo carcinoma da próstata têm uma probabilidade maior de contrair a doença, e que esta é também mais frequente na raça negra.

No entanto, «a relação entre factores como o ambiental ou o sexual, por exemplo, e o cancro da próstata não está claramente provada. Não existe uma relação causa-efeito como a existente entre o tabaco e o cancro do pulmão, por exemplo».

O diagnóstico

O melhor método para detectar o cancro da próstata de forma precoce é o rastreio, que é recomendado anualmente a partir dos 50 anos ou nos grupos de maior risco, desde os 40 anos. Porém, o oncologista afirma que esta não é uma atitude consensual na comunidade médica.

Os que não vêem benefícios no rastreio sistemático defendem que ele apenas permite saber mais cedo que o doente tem cancro, mas não impede a mortalidade. Quem está a favor do rastreio acredita que as novas técnicas de tratamento irão permitir aumentar a esperança de vida dos doentes.

A doença pode ser detectada através do toque rectal e por meio de uma análise ao sangue que detecta o antigénio específico da próstata (PSA). Esta é uma substância produzida pelas células normais e também pelas cancerígenas da próstata que circula na corrente sanguínea. Quando há um tumor, a quantidade da substância aumenta, devido a uma maior libertação de PSA na corrente sanguínea.
«Mas os níveis elevados de PSA também podem estar associados a outras doenças», como a já referida hipertrofia benigna da próstata. «No entanto, os níveis de PSA, quando em presença de hipertrofia, e apesar de elevados, são mais baixos do que em caso de cancro. Para confirmar o diagnóstico, o médico especialista realiza um conjunto de análises sanguíneas seriadas, incluindo o PSA, de modo a estabelecer um padrão».

Sérgio Barroso adianta que este é dos métodos mais importantes para o diagnóstico do cancro da próstata: «É uma das análises que mais ajudam no diagnóstico e que fornecem informações muito importantes.»
O toque rectal é, normalmente, o exame mais difícil para o paciente. Existe alguma relutância e algum preconceito por parte do homem em submeter-se a este exame.

«É um factor dissuasor e faz com que o doente vá adiando e acabe por não consultar atempadamente o médico, fazendo com que o cancro seja detectado numa fase evolutiva mais avançada», conforme diz Sérgio Barroso.

O diagnóstico de certeza é feito através de uma biopsia, que consiste na remoção ou colheita de tecido da próstata para posterior análise microscópica e confirmação da presença de células cancerígenas.

Fases de evolução e tratamentos

Quando o cancro da próstata é detectado numa fase inicial, este consiste num tumor de pequenas dimensões, perfeitamente localizado, na próstata. Sérgio Barroso afirma que, «nestes casos, um dos tratamentos de eleição é a operação ou remoção cirúrgica do tumor». Este tratamento «permite algumas vezes curar o doente», afirma o médico. Mas a intervenção cirúrgica pode ter efeitos secundários associados, como a impotência ou a incontinência urinária.

Numa fase inicial também pode recorrer-se à radioterapia, que consiste na aplicação de radiação para tratar o tumor. Segundo Sérgio Barroso, há dois tipos de radioterapia: a externa e a realizada através de implantes, a braquiterapia ou radioterapia intersticial. Esta última implica a introdução de pequenos grãos ou sementes de material radioactivo no interior da próstata, junto ao tumor, que vão emitir radiações que o vão destruir. Na radioterapia externa, o doente é colocado num aparelho semelhante a uma TAC e é submetido a radiações locais.

«A escolha do tratamento depende do quadro clínico do paciente, de outras doenças que tenha e da sua vontade após conhecer as vantagens e desvantagens de cada opção», diz Sérgio Barroso.

Quando o tumor é detectado numa fase mais avançada, dispomos de uma outra alternativa, a terapêutica hormonal.

O tu­mor da próstata é hormonossensível, isto é, alimenta-se das hormonas masculinas ou androgénios, como a testosterona. O tratamento hormonal consiste no bloqueio ou na supressão da produção dos androgénios através de medicamentos.

«Mas este tratamento controla a doença por um período de aproximadamente dois anos, dependendo da agressividade do tumor», considera o especialista.

A partir desta altura o organismo e as células cancerígenas tornam-se resis­tentes à terapêutica hormonal:

«Diz-se que o doente entra em escape hormonal. A partir daqui torna-se necessário um tratamento mais agressivo, já que o tumor fica de novo descontrolado e livre para evoluir e alastrar a outros órgãos.»

O cancro em estado metastático espa­lha-se para outros órgãos, afectando primeiro o osso e os gânglios linfáticos, posteriormente o pulmão e o fígado. Nestes casos, o tratamento mais indicado é a quimioterapia.

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