Disfagia: Há coisas na vida difíceis de engolir
Quando a comida parece enrolar na boca e tornar-se incomodativa ao ponto de não conseguir engolir ou ter ataques de tosse, isso é sinal para uma avaliação. Se houver algum problema, a malnutrição e a desidratação têm de ser tratadas com calma… muita calma, e reencontrando formas agradáveis de ingerir alimentos.
A disfagia pode-se caracterizar não só pela dificuldade em engolir, como também pela sensação de que os alimentos ficam retidos de algum modo na sua passagem da boca para o estômago.
A disfagia pode decorrer de diversas patologias, entre as quais, paralisia cerebral, acidente vascular cerebral (AVC), doença de Alzheimer, doença de Parkinson, Esclerose Múltipla, etc. ou pelo próprio processo de envelhecimento.
Mastigar e engolir são duas funções tão rotineiras que é deveras incómodo quando não se consegue fazê-lo.
Malnutrição e desidratação são os efeitos directos de uma disfunção que pode ser fatal.
A disfagia afecta cerca de 60% das pessoas, sobretudo idosos, que padecem de doenças degenerativas, e entre 30 a 40% das pessoas com sequelas de acidentes vasculares-cerebrais (AVC), ainda que a grande maioria destes casos seja reversível.
As pessoas que sofrem de disfagia perdem, naturalmente, o prazer em comer. A dificuldade de passagem do bolo alimentar da faringe para o esófago pode resultar na entrada dos alimentos nas vias respiratórias, provocando tosse, falta de ar e até mesmo pneumonia. Este tipo de disfagia (orofaríngea) evidencia a importância de um diagnóstico precoce para prevenção de pneumonia e desnutrição, além de desidratação. A pneumonia é frequente em pessoas com disfagia e é mesmo a responsável por metade dos óbitos deste tipo de doentes.
O tratamento nutricional visa acautelar a aspiração do alimento e as respectivas perturbações a nível respiratório. Além de facilitar a deglutição no sentido de conferir maior segurança e independência – e de recuperar o estado nutricional e de hidratação.
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Vamos treinar?
Treinar a deglutição e avançar para uma terapêutica nutricional são decisões essenciais para optimizar a qualidade de vida dos disfágicos. Adequar o plano alimentar de acordo com a gravidade dos sintomas e ajustá-lo sempre que necessário, é determinante para evitar danos maiores. Claro que nos casos mais graves, a ingestão de alimentos tem de ser feita por sonda.
Os alimentos podem ser alterados, ganhando suavidade pela modificação da sua consistência. Os purés são uma das melhores formas de garantir uma refeição adequada, atractiva e equilibrada nutricionalmente. Isto porque os líquidos podem também escorrer e afectar as vias respiratórias, sendo conveniente utilizar espessantes. Os líquidos a espessar podem ser variados: os sumos naturais, sopas e caldos, que são ricos em vitaminas e minerais. Os iogurtes são soluções frescas que contribuem para aliviar a dor provocada pela disfagia.
Em suma, para adequar o tratamento nutricional, convém não apenas alterar a textura de alimentos (sólidos e líquidos), mas assegurar a ingestão dos nutrientes necessários, recorrendo a suplementos hipercalóricos e/ou hiperpróteicos, sempre que não for possível atingir as necessidades nutricionais pela sua alimentação habitual.
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