Anorexia e Bulimia: Comer e sofrer - Médicos de Portugal

A carregar...

Anorexia e Bulimia: Comer e sofrer

29 Julho, 2009 0

É a imagem distorcida do próprio corpo que leva os adolescentes a desenvolverem relações difíceis com a alimentação. Entre o excesso de quem rejeita os alimentos e o excesso de quem faz verdadeiras orgias alimentares seguidas de purga, o sofrimento está sempre presente.

Tudo muda na adolescência. Muda o corpo, mudam as relações e os afectos, os interesses e os gostos. E neste turbilhão de mudanças os adolescentes são permeáveis a influências múltiplas, das geradas no seio do grupo a que se esforçam por pertencer às veiculadas pelos estereótipos de uma sociedade que cultiva a imagem como uma verdadeira ditadura.

Ser magro é quase um imperativo. Mas, numa altura em que o corpo ganha novos contornos, a caminho da feminilidade e da masculinidade, facilmente se cai na obsessão de perder quilos, mesmo quilos que não se têm a mais.

É comum entre os adolescentes uma imagem distorcida de si próprios que os faz mergulhar em comportamentos extremos, em que pontuam os distúrbios alimentares.

São distúrbios quase sempre no feminino, porventura porque as raparigas são mais permeáveis às pressões sociais e culturais.

O que não significa que os rapazes passem pela adolescência sem perturbações do foro alimentar – calcula-se que dez por cento também se deixam cair nas malhas da anorexia e da bulimia.

 

A rejeição dos alimentos

Um medo intenso de engordar é o que sentem os adolescentes que sofrem de anorexia nervosa, um distúrbio alimentar caracterizado pela rejeição dos alimentos. Aos seus olhos o espelho devolve sempre uma imagem demasiado gorda, ainda que a balança indique o contrário. Desenvolvem então uma relação obsessiva com a comida, pesando ao grama o pouco que comem e contando até à exaustão as calorias.

Assim acontece sobretudo com raparigas, com um contexto que as torna particularmente vulneráveis: baixa auto-estima, alguns traços obsessivos, falta de confiança acerca do seu valor pessoal mas, paradoxalmente, padrões elevados de exigência e responsabilidade.

A insegurança alimenta uma dificuldade visível em relacionarem-se com os outros. Em comum têm igualmente uma sensação de que não conseguem gerir a sua própria vida, de que são incapazes de tomar decisões, de que não conseguem atingir a perfeição – concentram-se, então, no corpo, procurando através dele o controlo que pensam ter-lhes escapado e, com ele, uma forma de se valorizarem.

Lançam-se, determinadas, numa luta contra os quilos, comendo cada vez menos. Perdem naturalmente quilos e, numa primeira fase, conseguem mesmo ser elogiadas. Porém, à medida que o tempo passa, emerge uma sensação de fome constante, que, em vez de as desanimar, as faz sentir que precisam ainda mais de força de vontade para emagrecer.

Cada quilo perdido é encarado como uma vitória pessoal.

Mas uma vitória que lhes fragiliza a saúde e ameaça mesmo a vida. Quando os quilos perdidos correspondem a 15 ou 20% do peso normal, os danos podem já ser devastadores – pode não haver gordura corporal suficiente para manter os órgãos saudáveis.

[Continua na página seguinte]

Páginas: 1 2 3

ÁREA RESERVADA

|

Destina-se aos profissionais de saúde

Informações de Saúde

Siga-nos

Copyright 2017 Médicos de Portugal por digital connection. Todos os direitos reservados.