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A Anorexia » Perturbações Alimentares

27 Janeiro, 2007 0

Com as exigências estéticas da sociedade actual e um ideal de beleza que não permite qualquer excesso de peso, as pessoas vêm-se por vezes em caminhos menos correctos que acabam por leva-las a graves problemas de saúde que passam, em primeiro lugar, por perturbações da esfera oro-alimentar.

Se a beleza não tem idade, acontece que é essencialmente no período da adolescência, com todas as suas transformações físicas e psicológicas que a acompanham, que assume um preocupação mais acentuada.

As Perturbações Alimentares manifestam-se essencialmente por duas formas que por vezes surgem associadas: A Anorexia e Bulimia.

A idade média para o início da Anorexia é de 17 anos, raramente se verificando este início em mulheres com mais de 40 anos.

A sua prevalência é significativamente maior para o sexo feminino – mais de 90% dos casos de Anorexia ocorrem em mulheres –, em primeiro lugar porque a beleza assume, na mulher um papel muito mais relevante, sendo que o homem é mais avaliado pelas suas capacidades.

A Anorexia Nervosa parece ter uma prevalência bem maior em sociedades industrializadas, nas quais existe abundância de alimentos e onde, especialmente no tocante às mulheres, ser atraente está ligado à magreza.

O aparecimento da doença encontra-se frequentemente associado a um acontecimento vital stressante, como sair de casa ou entrar para a universidade.

As características essenciais da Anorexia são a recusa em manter um peso corporal na faixa normal mínima, associada a um terror de ganhar peso.

Na anorexia, o esquema de percepção corporal encontrase completamente deteriorado, encontrando estes sujeitos sempre excesso de peso em alguma região do corpo, não obstante do aparecimento esquelético.

Em muitos casos, as adolescentes anorécticas acabam por perder a identidade, verificando-se por vezes mesmo uma tendência para o suicídio e uma desmotivação para a vida.

Do ponto de vista da sexualidade, parece assistir-se a uma recusa maciça da feminilidade: a anoréctica não quer ter ancas, nem seios e a gravidez e a maternidade são mesmo consideradas como aberrações.

Além disso, as mulheres pós-menarca com este transtorno são amenorréicas.

Se atendermos a sua etimologia, o termo “Anorexia” poderá não ser correcto de todo já que, contrariamente ao que sugere, não se verifica uma perda do apetite, mas sim uma recusa em ingerir alimentos devido á obsessão pela magreza.

Esta recusa de ingerir alimentos está geralmente associada à conotação negativa que o sujeito atribui ao alimento. A primeira relação que o bebé estabelece é com a mãe e é o objecto materno que lhe dá o primeiro alimento: leite.

O alimento fica assim bastante associado á relação primária que estabeleceu com a mãe, mas a seguir a esta muitas outras relações vão ser estabelecidas com vários objectos. Do ponto de vista psicodinâmico, no fundo, o que o sujeito anoréctico não quer ingerir não é o alimento mas sim os “maus objectos”, que tipificam más relações.

Apesar de se manifestarem de uma forma antagónica, à Anorexia surge frequentemente associada a Bulimia, que se caracteriza por episódios repetidos de compulsões alimentares seguidas de comportamentos compensatórios inadequados, tais como vómitos auto-induzidos; mau uso de laxantes, diuréticos ou outros medicamentos; jejuns ou exercícios excessivos.

É muito importante saber que se uma adolescente sofre de anorexia, não é conveniente insistir para que coma, já que este procedimento pode ter efeito contrário, tornando mais difícil a resolução do problema.

Tanto a anorexia como a bulimia são perturbações do comportamento alimentar, sendo muito difícil tornar estas jovens conscientes do seu estado, embora seja importante leva-las à convicção do quanto é feio e desagradável o seu aspecto esquelético.

O curso e o resultado da Anorexia são muito variáveis: alguns indivíduos recuperam completamente após um episódio isolado, alguns exibem um padrão flutuante de ganho de peso seguido de recaída, e outros apresentam um curso crónico e deteriorante ao longo de muitos anos.

A hospitalização pode ser necessária para a restauração do peso e para a correcção de desequilíbrios hidroeletrolíticos.

Se acha que esta perturbação se aplica a alguém da sua esfera mais próxima, é importante encorajar a pessoas a ter apoio psicológico, visto que o tratamento desta perturbação generalizada nos nossos dias levam pelo menos 2 anos e em alguns casos não se consegue atingir uma cura absoluta.

Dr. Rui Manuel Carreteiro
Licenciado em Psicologia Clínica
Universidade de Lisboa

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