Síndrome de Down: mais casos acima dos 38 anos
«O ideal é as mulheres terem os filhos até aos 35 anos», alerta a Dr.ª Teresa Pargana, obstetra do Hospital de Fernando Fonseca, acrescentando, contudo, que «se o diagnóstico pré-natal não acusar nada e a mulher for saudável, ela poderá ter uma gravidez normal a partir dessa idade». Mas o que fazer quando se decide ter um filho a partir dos 35 anos?
Segundo a especialista, «todas as mulheres têm, a partir dessa idade, direito ao diagnóstico pré-natal». Entre os 35 e os 38 anos «a mulher pode fazer o triplo teste, rastreio bioquímico mais rastreio biofísico ou, então, fazer logo a amniocentese».
Acima dos 38 anos, sublinha, «deve fazer-se sempre a amniocentese, o diagnóstico do cariótipo fetal no líquido amniótico, já que estatisticamente está comprovado que acima dessa idade há uma percentagem muito maior de bebés com a síndrome de Down».
De acordo com Teresa Pargana, o «grande problema» de engravidar a partir dos 35 anos prende-se, também, com o aparecimento de doenças que são mais frequentes nessas idades, como é o caso da diabetes ou da hipertensão.
Nessas situações, acrescenta a especialista, «mesmo que o diagnóstico do cariótipo esteja normal, a gravidez é sempre considerada de risco». E exemplifica: «Uma grávida hipertensa tem de ser medicada e muito bem vigiada, mas uma grávida diabética ainda mais.»
E o feto? «É mais frequente os bebés nascerem com anomalias quando as mães têm os filhos a partir dos 35 anos», sublinha Teresa Pargana, acrescentando que foi por essa razão que o Serviço Nacional de Saúde estabeleceu que todas as mulheres têm, a partir dessa idade, direito ao diagnóstico pré-natal.
Mas o que pode acontecer à criança quando a mãe decide ter um filho a partir dos 35 anos? Numa situação de diabetes, exemplifica a especialista, «se a doença aparecer durante a gravidez e for muito bem controlada, em princípio não acontece nada ao feto, no entanto, se a diabetes for anterior à gravidez e não estiver bem controlada poderá dar origem a anomalias fetais como, por exemplo, cardíacas».
Por essa razão, explica, «quando a mãe é diabética deve fazer-se um ecocardiograma fetal às 21 semanas». Outra consequência da diabetes não controlada poderá ser o excesso de peso dos bebés «que, em princípio, nascerão com hipoglicemias».
Acima dos 38 anos, alerta a obstetra, «a percentagem de bebés com síndrome de Down, ou mongolismo, é maior. No entanto, isso não significa que a síndrome não possa aparecer antes dessa idade».
Tendo em conta os problemas que podem surgir associados à idade, Teresa Pargana aconselha todas as mulheres, a partir dos 35 anos, a fazerem uma consulta pré-concepcional «pelo menos três meses antes de engravidarem, para que façam todos os exames necessários e possam, inclusive, serem aconselhadas pelos especialistas».
Mas, sabendo de antemão os riscos que correm, porque é que as mulheres engravidam depois dos 35 anos? Para além da alteração de prioridades na vida da mulher, em que a realização profissional surge primeiro do que a família, Teresa Pargana chama a atenção para o factor moda:
«Como nas revistas todas as mulheres têm filhos depois dos 40 anos, as outras acham que também não correm riscos se tiverem filhos a partir dessa idade.»
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