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Comunicação médico/doente

16 Janeiro, 2009 0

A comunicação é o pilar dos bons cuidados médicos. Comunicar as más noticia (MN) é, provavelmente, uma das tarefas com que o médico oncologista mais frequentemente se confronta. Estabelecer uma comunicação aberta entre o médico e o doente é, então, um desafio diário.

A comunicação das MN tem um componente objectivo que é a gravidade da doença; outro subjectivo influenciado pelo contexto psicossocial em que vive o doente, pela idade, pela experiência prévia, pelas crenças religiosas, pelas obrigações pessoais e familiares, etc.: factores que dependem do próprio doente.
O comportamento do médico, na consulta em que se revelou o diagnóstico, ajuda a diminuir o impacto emocional sobre o doente, permitindo a adaptação à doença de forma progressiva, diminuindo o sofrimento psicológico e reforçando a relação médico/doente.

O sofrimento psicológico leva a alterações da capacidade de fixar e recordar informação; estudos realizados demonstraram que o doente só retém o 25% da informação recebida e, ainda, que a uma maior ansiedade corresponde uma maior dificuldade para recordar informação. Os médicos têm dificuldade para detectar o sofrimento psicológico dos seus doentes, sendo que Ford e col., num estudo com 50 oncologistas, observou que nenhum deles conseguiu antecipar o distress dos seus doentes.

A competência dos médicos para comunicar as MN passa por transformar uma informação complexa em fácil, simples e compreensível para o doente e em dar atenção às necessidades do doente e da sua família, sendo, na maior parte das vezes, essas necessidades muito diferentes.

Existem uma série de comportamentos da comunicação a evitar e outros a cultivar, que se vão implementando e aperfeiçoando ao longo dos anos. A evitar estaria o “bloqueio” de não falar sobre o tema; o “dar uma conferência” com muita informação, sem permitir ao doente perguntar e sem verificar se o doente percebe; o “tranquilizar” o doente de forma preventiva; a “conspiração do silêncio” em que nem o médico nem o doente fazem perguntas sobre o tema.

Nos comportamentos a cultivar estariam os seguintes: perguntar, responder e perguntar levando a uma comunicação activa; o avaliar o grau de informação que o doente tem e o que esta preparado para receber. Na maior parte das vezes, ouvir o doente de forma activa, sentado ao seu lado, olhos nos olhos, e mesmo com o próprio silêncio, obtém-se e transmite-se mais informação do que com as próprias palavras. Cerca de 93% da comunicação é feita em linguagem não verbal. Os profissionais de saúde tendem a subestimar o poder desta forma de comunicação, que inclui a postura, a proximidade, a expressão facial, a atitude, a proximidade ao doente, a posição de escuta sentado, o contacto físico…

 

Dar a informação de forma faseada

O Professor Buckman (1992) publicou um protocolo que pretende ser um apoio para os profissionais de saúde para a transmissão das MN. Preparar o ambiente, averiguar o que é o que o doente sabe, ou que é o que quer saber, dar a informação em pequenas quantidades e sem muitos termos técnicos, responder às dúvidas e emoções do doente, verificar sempre se percebeu a informação que lhe foi transmitida e elaborar um plano de cuidados.

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