Desinformação Sexual
A desinformação sexual gera dúvidas e angústias, a nível não só dos jovens, como também da população adulta. É esse estado de espírito que leva a que imensas pessoas com problemas sexuais fujam de consultar o médico ou que, ao invés, o procurem com receio e acanhamento.
O médico, apesar de todo um moderno quotidiano tendente em depreciar a sua actividade, ainda ocupa o antigo espaço daquele que cuida, que cura, que alivia a dor, que restabelece a saúde. Se procurado, torna-se assim o natural depositário das dúvidas, angústias e queixas sexuais de seus doentes.
Habitualmente, qualquer que seja a resposta do médico, ela será vivamente incorporada nas vivências e nas crenças do doente. É isso que, independentemente de se fazer um diagnóstico e se estabelecer um tratamento, determina uma enorme importância ao papel educador do médico, que deve ser considerado particular e único.
É certo que não se pode, nem deve, depreciar o valor e interesse das acções de informação pública, aquelas que pretendem levar informação a toda a população. Mas, no caso da sexualidade humana, a informação pública é uma faca de dois gumes.
Veja-se como, a propósito do Dia dos Namorados, a televisão, a rádio e os jornais abordam o tema do amor, da paixão e do sexo. Fazem-no ampla e intensamente. De um modo aligeirado ou de uma maneira profunda. Mas quase sempre falham no que é absolutamente essencial: informar sem desinformar. Ou melhor, sem desinformar mais.
Os problemas sexuais têm um forte repercussão pessoal, conjugal, familiar e social. Os progressos feitos nos últimos anos no domínio do conhecimento dos comportamentos sexuais, abrem novas perspectivas para as pessoas que têm dúvidas, e que querem saber. Para esses, queremos deixar uma mensagem muito clara: procurem ajuda. Cada vez há mais e melhores profissionais de saúde – médicos, mas também psicólogos e enfermeiros – capazes de dar respostas. A velha postura de dúvida e angustia, fruto do desconhecimento, desconforto ou desinteresse, não tem cabimento nos dias de hoje.
Nuno Monteiro Pereira
Urologista
Clínica São João de Deus
www.saojoaodedeus.pt