A hepatite C e a infecção VIH/SIDA
Em 2005, morreram em Portugal 876 pessoas com SIDA, 687 (78%) do sexo masculino. É um número demasiado elevado, já que é uma doença evitável.
Os medicamentos mais recentes para a infecção VIH/SIDA alteraram de forma significativa o seu prognóstico. Até há alguns anos, esta infecção tinha um mau prognóstico, particularmente quando se entrava na fase da doença mais avançada. A sobrevivência na infecção VIH/SIDA melhorou pois de forma substancial.
Por outro lado, dado que as formas de transmissão e os comportamentos de risco são muito semelhantes, alguns dos infectados estão também contaminados com os vírus das hepatites víricas, mais frequentemente com o da hepatite C.
A hepatite C é um vírus que infecta 3% da população mundial, pelo que existirão em todo o Mundo, 200 milhões de pessoas com hepatite C. Este é um problema de saúde pública, visto que 70 – 80% dos consumidores de drogas por via endovenosa estão infectados.
Dado que o consumo de drogas é um risco para a infecção com o VIH, é fácil entender que possam existir alguns infectados com os dois vírus: são so chamados co-infectados.
Estima-se que, nos países europeus, cerca de 25-40% dos infectados pelo VIH estejam co-infectados com o VHC. Estas percentagens são muito superiores à da população portuguesa com hepatite C ou B, números que se pensa rondarem 1,5% e 1% respectivamente.
Nalguns centros, a morte por cirrose hepática é já a segunda causa em quem está infectado pelo VIH. 20% dos infectados apenas com o vírus da hepatite C, desenvolvem cirrose, que é um estado de destruição importante do fígado, que pode evoluir de forma silenciosa, sem sintomas, para formas mais avançadas e tem um risco elevado de desenvolver o cancro do fígado (carcinoma hepatocelular ou hepatoma).
Por outro lado, prevê-se que o número de mortes relacionadas com a hepatite C continue a aumentar nos próximos 25 anos devido às infecções ocorridas nos anos 70-80.
Consequências do VIH em doentes hepáticos
O VIH acelera de forma muito significativa a progressão da doença hepática. Nos co-infectados com a hepatite C, a probabilidade de surgir cirrose hepática e carcinoma hepatocelular é mais elevada e com um evolução mais rápida quando em comparação com aqueles que têm apenas hepatite C.
De outro modo, a probabilidade de resposta ao tratamento da hepatite C no co-infectado é também inferior. Na hepatite C, atingem-se percentagens de cura real de 60% (80% no genótipo 3 e 45% no genótipo 1, que são tipos diferentes do vírus) com o Interferão Peguilado e a Ribavirina. No co-infectado (hepatite C mais SIDA) essa percentagem atinge 60% no genótipo 3 e 30% no genótipo 1.
Os efeitos secundários com este tratamento são de considerar, principalmente ansiedade, instabilidade emocional, depressão. A taxa de abandono é superior nos co-infectados em comparação com aqueles com hepatite C, ~25% para ~10%.
Outro factor a considerar é o consumo de álcool que deve ser evitado em quem tem hepatite C, dado que pode também acelerar de forma significativa a doença do fígado.
Por fim o enfoque deve ser na prevenção: sexo seguro, não à partilha de material usado na droga, evitar bebidas alcoólicas, fazer as vacinas da hepatite B e A.
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