Daltonismo: Quando o verde afinal é… cinzento
Confundir as cores é uma característica das pessoas daltónicas, traduzindo uma perturbação da visão que influencia algumas opções de vida.
O daltonismo é a incapacidade de distinguir e identificar algumas cores. A partir de três cores fundamentais – o azul, o verde e o encarnado – se multiplicam as cores. Para algumas pessoas, essa visão colorida é alterada, só conseguindo distinguir duas das três cores básicas, sendo o mais frequente não diferenciar o verde do encarnado, acabando por distinguir combinações secundárias como o amarelo ou o violeta. Sendo mais raros, há casos de pessoas que não distinguem qualquer cor (acromatismo), o que corresponde a uma visão gradeada de cinzento, ou apenas uma cor (monocromatismo).
Tudo acontece porque, na retina, a membrana que cobre a face interna do olho, se encontram as células fotoreceptoras, os chamados cones, que permitem a percepção de cor. E esses cones são precisamente três, cada um sensível a um pigmento: encarnado, verde e azul. Num daltónico, um ou mais dos diferentes tipos de cones não funciona correctamente ou nem sequer existe, o que impede o cérebro de receber a informação que lhe permite descodificar a cor associada.
A maioria dos casos de daltonismo estão associados à hereditariedade mas ocasionalmente podem resultar de doenças oculares.
Nos casos mais comuns de daltonismo, as pessoas desenvolvem um sistema de referência próprio, substituindo as tonalidades ausentes por diferentes tons de cinzento. E aprendem a conviver com esta diferença cromática, que não lhes afecta a saúde, ainda que influencie o quotidiano.
Conduzir é um dos exemplos de maior dificuldade associada ao daltonismo, nomeadamente nos semáforos. Como saber se está verde ou encarnado? A solução passa pelo esquema cromático, em que a cor em falta se apresenta disfarçada de cinzento. Porém, para desenvolver uma actividade profissional relacionada com os meios de transporte ou com as forças de segurança, este recurso pode ser insuficiente – ser piloto de avião, maquinista de comboio ou agente da polícia e não conseguir distinguir claramente todas as cores é uma combinação inviável.
O daltonismo pode ser despistado em idade pré-escolar, aquando da primeira visita ao oftalmologista. Mas só pelos 10 anos é possível realizar testes que permitem avaliar com maior precisão o défice cromático da criança. Uma vez identificada a anomalia, não há necessidade de qualquer vigilância particular, até porque não interfere nas outras funções da visão – e porque, por enquanto, não existe qualquer tratamento que permita restabelecer a percepção normal das cores.
Despiste infantil
Ainda antes de consultar o oftalmologista, há alguns sinais que apontam para o eventual daltonismo numa criança: errar na identificação das cores,seja a desenhar ou a escolher as peças de um jogo. Normalmente, o verde torna-se cinzento e o encarnado “vira” verde.
Na escola, as dificuldades ganham frequência. Quando a actividade implica escolher cores, a criança tende a baralhar-se. A colocação de etiquetas nos cadernos e lápis pode facilitar, mas noutras áreas, como geografia ou expressão artística, poderá ser mais difícil, pelo que os professores devem ser alertados.
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