Como tendência nos países desenvolvidos » Asma vai aumentar em Portugal
Conclusão foi adiantada no seminário “Terapêutica da Asma – Da Teoria à Prática”, organizado pelo grupo Bial, que decorreu no Pavilhão Atlântico, e contou com a participação de cerca de 300 Especialistas em Medicina Geral e Familiar.
O grupo Bial promoveu no passado dia 22 de Outubro, no Pavilhão Atlântico, um seminário subordinado ao tema “Terapêutica da Asma – Da Teoria à Prática”.
Este encontro, moderado pelo pneumologista Jorge Ferreira, teve como objectivo debater o controlo da asma e dar a conhecer a tendência previsível do aumento desta doença em Portugal e nos países desenvolvidos em geral.
Segundo Miguel Manaças, pneumologista, prevê-se em Portugal um aumento muito significativo de doenças alérgicas como a asma e a rinite alérgica, bem como da sua gravidade.
Na sua intervenção, o especialista acrescentou ainda que a asma tem um impacto significativo na qualidade de vida dos doentes e constitui uma causa muito importante de absentismo escolar e laboral.
Portugal não é o único país onde se verifica um aumento da prevalência desta doença. Prevê-se para 2025 um acréscimo de 100 milhões de asmáticos em todo o mundo, tendo vários estudos evidenciado um aumento da prevalência da asma de 20 a 50% nos países desenvolvidos em cada década.
A nível mundial, estima-se que os gastos económicos associados com esta doença sejam superiores aos custos da SIDA e da tuberculose em conjunto.
O orador apresentou ainda como principais factores de morbilidade da asma o subdiagnóstico, o subtratamento dos doentes com terapêutica anti-inflamatória e o excesso de confiança nos broncodilatadores de curta duração.
De facto, estudos efectuados no nosso país sobre a prescrição na asma evidenciaram os beta2 agonistas de curta duração como o grupo de medicamentos mais frequentemente prescrito, o que, de acordo com as guidelines actuais, evidencia um deficit no controlo desta patologia.
Também o Médico de Família Carlos Gonçalves concluiu que o problema de subdiagnóstico e do subtratamento, aliados à escassa utilização de terapêutica de controlo com anti-inflamatórios, contribuem fortemente para o não controlo da asma.
O panorama actual de Portugal, apesar das campanhas de divulgação promovidas pelo Grupo GINA, pelo Plano Nacional de Controlo da Asma e a divulgação das linhas de orientação – guidelines – denota que há ainda muito a fazer para, de forma efectiva, ajudar a controlar esta doença que tem uma importância crescente e custos enormes, quer directos quer indirectos.
Este Especialista salientou a relevância e a importância dos Médicos de Família que, pelo lugar privilegiado que ocupam e pelo conhecimento que têm dos seus doentes, devem estar preparados e motivados para detectar, diagnosticar e tratar a asma, já que esta patologia é muito prevalente, sobretudo em crianças e na adolescência.
Carlos Gonçalves referiu o estudo “Lidar com a Asma”, da Associação Portuguesa de Asmáticos, coordenado pelo Dr. João Fonseca, onde se mencionam conhecimentos, comportamentos e erros recorrentes relativos à doença, quer por parte dos pacientes, quer por parte dos médicos, chamando a atenção da assistência para a importância da educação do asmático e da co-responsabilização do doente no seu tratamento e na manutenção do seu bem-estar.
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