Asma na criança
Mercê de inúmeros factores, em que os modernos padrões de desenvolvimento implicando modificações socio-económicas e culturais parecem ter um efeito potenciador, assistimos nas últimas décadas a um aumento da prevalência, da persistência e da severidade das doenças alérgicas em geral e da asma da criança em particular.
Na idade pediátrica, a prevalência da asma, no nosso país, é de cerca de 15%. Ou seja, uma em cada sete crianças sofre de asma.
Com um início precoce – na maioria das crianças a asma começa antes dos cinco anos de idade – com manifestações heterogéneas e diferentes fenótipos e evoluções, é das doenças mais subestimadas, subdiagnosticadas e subtratadas.
Tratando-se de uma doença inflamatória crónica, com repercussão nas actividades física, psíquica e escolar, impõe-se um diagnóstico e tratamento precoces, visando o bem estar da criança, evitando agudizações e interferência na qualidade de vida e tentando “travar” a evolução para formas persistentes que conduzem a alterações irreversíveis.
Estando a inflamação na génese da asma, o alvo do seu tratamento tem de ser baseado em medidas anti-inflamatórias, onde a evicção alergénica, sempre que possível, é prioritária, mas coadjuvada e complementada pelos meios farmacológicos anti-inflamatórios. Dos que actualmente dispomos, há que realçar os corticoesteróides inalados e os anti-leucotrienos.
No tratamento da asma da criança é obrigatório ter em consideração a sua idade, frequência e severidade das queixas, a sua colaboração com as diversas formas de tratamento, não esquecendo que a eficácia de um medicamento na vida real nem sempre é sobreponível à demonstrada em estudos clínicos.
O exercício físico faz parte integrante da actividade da criança e na criança com asma é um factor prioritário no desencadeamento de sintomas, pelo que é necessário estabelecer uma terapêutica de base adequada e ajustada a cada criança, permitindo-lhe uma actividade idêntica à dos seus pares.
De primordial importância no controlo da asma da criança é a educação da criança/família, não esquecendo que a educação é um processo integral, devendo começar por quem presta os cuidados de saúde.
Em suma, o estabelecimento de um tratamento eficaz e seguro, com maior adesão da criança/família contribuirá para uma diminuição da morbilidade e mortalidade da asma, com melhoria na qualidade de vida da criança e da família.
Jornal do Centro de Saúde
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