Fibromialgia: De causa desconhecida

É assim a fibromialgia: uma doença reumática de causa desconhecida que incide mais sobre as mulheres com grande perturbação da qualidade de vida.
Não é uma doença nova, mas dela se fala há relativamente pouco tempo.
E, à primeira vista, nada indica que se trate de uma doença reumática, mas é: a fibromialgia não afecta articulações nem ossos, mas origina dores generalizadas nos músculos, ligamentos e tendões.
É uma dor de causa desconhecida, acompanhada de outros sintomas como fadiga, dores de cabeça, dificuldadeem dormir e sono pouco reparador, perda de memória e de concentração, alterações do humor e, em cerca de um terço dos casos, depressão.
Calcula-se que atinja cerca de dois por cento da população adulta, com maior incidência entre os 20 e os 50 anos. À semelhança de outras doenças reumáticas, incide mais sobre o sexo feminino, com as mulheres a serem afectadas cinco a nove vezes mais do que os homens.
O que se sabe é que há pessoas com maior predisposição, enquadrando-se naquilo que se designa como personalidade pró-dolorosa: é o caso dos trabalhadores dedicados, de quem tem uma actividade excessiva, dos perfeccionistas compulsivos, de quem revela incapacidade para relaxar e desfrutar da vida, de quem é incapaz de lidar com situações hostis e tende a negar os conflitos emocionais e interpessoais.
Também pessoas que têm história familiar da doença, que têm antecedentes de depressão e/ou ansiedade, que sofrem habitualmente de alterações na qualidade do sono e que já se queixam de dor relacionada com a prática profissional correm maior risco de desenvolver fibromialgia.
Sendo a dor o principal sintoma é em torno dela que se faz o diagnóstico: um quadro de fibromialgia implica dor generalizada (acima e abaixo da cintura, do lado direito e do esquerdo), dor com mais de três meses de duração, existência de pontos dolorosos quando se pressiona com o dedo em áreas simétricas do corpo e bem localizadas.
Aliviar a dor é um dos objectivos do tratamento, mas não o único, podendo ser aconselhados medicamentos analgésicos, anti-depressivos, relaxantes musculares e indutores de sono. Indicada é também a prática de exercício físico, bem como alterações ao estilo de vida que conduzam a um maior relaxamento. A atitude do doente nesse sentido é essencial, dado que a fibromialgia é uma doença crónica.
Doenças há muitas
Doenças reumáticas são muitas, afectando pessoas de todas as idades, incluindo crianças. Eis, em síntese, o que caracteriza mais algumas dessas doenças:
- Atropatias microcristalinas – envolvem a deposição de cristais minerais nos tecidos músculo-esqueléticos, sendo a gota úrica a mais conhecida. Deve-se a uma produção excessiva de ácido úrico ou a dificuldades na sua eliminação, por razões que vão do consumo excessivo de álcool à desidratação, passando pela toma de determinados medicamentos e pela hipertensão arterial. É causa frequente de disfunção renal.
- Artrite reumatóide – doença das articulações, afecta mais mulheres do que homens, numa proporção de quatro para um; é mais comum nos adultos jovens e nas mulheres pós-menopáusicas. É causa de grande incapacidade e nos casos mais graves pode diminuir a esperança de vida em dez anos.
- Espondilartropatias – abrangem doenças como a espondilite anquilosante e a artrite psoriática, que têm em comum a inflamação da coluna e das articulações. Surgem, geralmente, pelos 20 anos e parecem ser mais frequentes entre os homens.
- Doenças reumáticas sistémicas – são pouco prevalentes mas afectam sobretudo mulheres. Envolvem um conjunto de síndromes com origem no sistema imunitário, entre as quais se inclui o lúpus. A maioria dos doentes tem queixas músculo-esqueléticas discretas, fraqueza muscular e sintomas gerais como febre e fadiga.
- Artrites idiopáticas juvenis – surgem antes dos 16 anos, caracterizando-se por artrite numa ou mais articulações persistente por, pelo menos, seis semanas. São das doenças crónicas mais frequentes em crianças e adolescentes, sendo causa importante de incapacidade e insucesso escolar (devido ao absentismo).
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