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Quando a bexiga não pára

13 Janeiro, 2009 0

A dificuldade em controlar a vontade súbita de urinar constitui um verdadeiro tormento diário para quem sofre de incontinência urinária. As visitas constantes à casa de banho e o medo de não chegar a tempo assolam o quotidiano de quem se depara com este problema. Porém, certos casos são passíveis de cura, através de uma cirurgia realizada em 10 minutos.

A incontinência urinária pode ser definida como a perda involuntária de urina. Apesar de não haver números concretos, estima-se que, em termos gerais, pelo menos 3 milhões de pessoas já terão sofrido, em algum momento da sua vida, pequenos derrames urinários. E por que razão isto acontece?
Segundo o Prof. Paulo Dinis, presidente da Associação Portuguesa de Neurourologia e Uroginecologia (APNUG), esta situação deve-se ao enfraquecimento do esfíncter: um mecanismo de contenção da urina. “Quando este músculo de retenção se encontra fragilizado, a pressão abdominal aumentada pode gerar perdas involuntárias de urina, em determinadas circunstâncias: fazer esforços, levantar pesos, tossir, subir escadas, espirrar. Esta é a típica situação de incontinência urinária de esforço.”

Existe, ainda, um outro fenómeno de incontinência urinária, que se designa por imperiosidade. Nesta situação, a bexiga (um músculo que alarga, quando está vazia, e encolhe quando está cheia) contrai-se involuntariamente. Um mero estímulo, como molhar as mãos, colocar a chave na porta ou em situações de stresse, pode provocar uma vontade súbita e repentina de urinar, sem que a pessoa tenha tempo de se deslocar à casa de banho.

Um estudo de 2005, realizado pela Spirituc, indica que, em Portugal, cerca de 650 mil pessoas sofrem deste problema, na sua grande maioria mulheres. Contudo, alguns doentes escondem esta preocupação, porque assumem que a incontinência é um problema relacionado com o avanço da idade. E, deste modo, não procuram ajuda clínica. “Calcula-se que apenas 10 a 15% dos doentes estão adequadamente tratados”, diz Paulo Dinis.

 

Implicações da IU

A Organização Mundial de Saúde (OMS), para além de definir a incontinência urinária como uma dificuldade em controlar as perdas involuntárias de urina, indica, ainda, que se trata de uma questão de higiene, com impacto pessoal e social. “A incontinência urinária subtrai qualidade de vida destes doentes, provocando algumas limitações laborais, sociais, no desempenho sexual e no bem-estar psicológico”, defende Paulo Dinis.

O dia-a-dia do doente “passa a ser gerido em função das idas à casa de banho”, acrescenta o urologista. E avança com um exemplo: “Imagine-se um gestor que sofre deste problema. A dada altura, se estiver numa reunião de trabalho, terá de abandonar a sala porque teve um episódio de imperiosidade, que pode conduzir à incontinência.”

As situações de imperiosidade podem ser, na perspectiva do presidente da APNUG, “altamente perturbadoras”, quando comparadas com a incontinência urinária de esforço. “Se a pessoa tosse ou espirra, é esperado que possa ter perdas de urina. No outro tipo de incontinência, devido à sua imprevisibilidade, nunca se sabe quando é o episódio poderá ocorrer.”

Deste modo, Paulo Dinis desmistifica esta doença e garante que “não se trata de uma fatalidade, até porque, na maior parte dos casos, tem tratamento”. No entanto, este problema continua a ser encarado como um tabu. “É preciso anular algumas ideias preconcebidas e explicar à população que existe solução para a incontinência urinária e, em determinadas situações, é até possível oferecer a cura. Se não forem encetadas medidas de controlo, esta patologia pode empurrar o doente para o isolamento e depressão”, ressalva o urologista.

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