Balanço “positivo” do primeiro ano de mandato
Um ano depois de assumir o comando da direcção da Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH), o Prof. Doutor Luís Martins afirma que, progressivamente, a sociedade está a cumprir um dos seus principais propósitos: contribuir para a melhoria das políticas de saúde em Portugal. Como já foi dito, por diversas vezes, o consumo de sal em Portugal excede em muito os valores recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Por esse motivo, para o biénio 2007-2008, a SPH, presidida por Luís Martins, estabelece a redução do consumo de sal como uma das prioridades máximas deste mandato. “Estamos convencidos de que se conseguirmos reduzir um ou dois gramas de sal, por dia, no prazo de cinco a sete anos, esta será uma das grandes medidas de saúde pública dos últimos 50 anos”, diz. Segundo o especialista, “é muito característico tomar o comprimido e continuar a fazer asneiras”. Por este motivo, considera que, “apesar dos excelentes tratamentos disponíveis”, a aposta deve centrar-se, primeiramente, na prevenção da hipertensão arterial. Em Abril do ano passado, a SPH levou a cabo uma sondagem de opinião, na tentativa de perceber o que sabiam os portugueses sobre hipertensão. E, “surpreendentemente, conheciam mais do que se julgava”. Então, questiona, “se a mensagem está correcta, por que razão subsiste o problema”? A explicação, para Luís Martins, não podia ser mais óbvia: “um problema de comunicação”. Por este motivo, esta direcção delineou um plano de comunicação, para que a mensagem alcance o público-alvo: a população portuguesa. “No imediato, não posso afirmar que tenhamos tido êxito total, mas o mais importante é ver que as pessoas, aos poucos, estão a assimilar este conceito”, adianta Luís Martins. Um estudo científico recente, desenhado a nível universitário, demonstrou que, em Portugal, os níveis de sal contidos no pão são muito superiores aos registados nos restantes países da Europa. Mas, apesar disso, o presidente da SPH revela, com satisfação, que, paulatinamente, as mentalidades e o paladar dos portugueses se vão alterando. Exemplo disso é ver que as pessoas já questionam, nas respectivas padarias, se existe fabrico de pão sem sal. “Penso que estão criadas as condições para que, a médio prazo, consigamos alcançar um dos desideratos de praticamente todas as sociedade europeias de hipertensão: chamar a atenção para o consumo de sal e reduzi-lo. É neste aspecto que temos de dirigir a nossa força”, continua. Mas a luta da SPH não se foca, única e exclusivamente, no combate ao consumo de sal. Esta sociedade científica tem alertado, ainda, para a modificação dos estilos de vida. “Não basta tomar os comprimidos, é preciso adoptar comportamentos saudáveis, pois, por essa via, muitas das vezes já é possível normalizar a pressão arterial”, garante Luís Martins. Desta forma, o presidente da SPH acrescenta que, ao longo deste ano, vão ser implementadas estratégias de comunicação mais “agressivas”. O objectivo, diz, é “intervir antes da ocorrência do evento cardiovascular, para que os especialistas não sejam considerados os arautos da desgraça”. Mais do que o doente grave, o foco da atenção deve ser “o resto da população, porque é aí que se obtêm os grandes benefícios de saúde e do orçamento de estado”. O que é a SPH? A Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH), nascida a 24 de Junho de 2004, conta, actualmente, com cerca de 450 sócios, com formação em diversas áreas de especialidade: Medicina Interna, Cardiologia, Nefrologia, Neurologia, Medicina Geral e Familiar, entre outras. Segundo o presidente da SPH, Luís Martins, “esta é uma sociedade científica aberta a todos os profissionais de saúde que fazem da hipertensão o seu campo de acção e o seu pólo de interesse”.