Apresentação Guidelines Nacionais para a Cessação Tabágica
Fornecer recomendações aos profissionais de saúde sobre o tratamento da dependência tabágica. É este o objectivo das Normas de Orientação Clínica para Cessação Tabágica (NOCs) do Centro de Estudos de Medicina Baseada na Evidência (CEMBE) da Faculdade de Medicina de Lisboa.
A população-alvo são todos os consumidores ou indivíduos expostos ao tabaco. As NOCs são fundamentadas em fontes metodológicas de evidência científica e fornecem conselhos e estratégias concretas para intervenções farmacológicas e nãofarmacológicas, definindo ainda esquemas de motivação e de controlo para evitar as recaídas. Definem também métodos para tratamento de doentes especiais (cardiovasculares ou grávidas) e fazem chamadas de atenção importantes como a relação entre a cessação tabágica e o aumento de peso. As recomendações principais das NOCs vão para as intervenções farmacológicas, que devem ser aconselhadas a todos utentes que desejem deixar de fumar, excepto em circunstâncias especiais.
Actualmente há diversas terapêuticas farmacológicas com o objectivo de reduzir o impulso de fumar e diminuir os sintomas de abstinência. António Vaz Carneiro, director do CEMBE e principal autor destas NOCs explica que “estas linhas orientadoras para a cessação tabágica pretendem ajudar os profissionais de saúde para que melhor possam intervir junto dos seus doentes, farmacologicamente ou não, consoante as particularidades de cada um. Esta dependência é extremamente difícil de abandonar e por isso é importante haver linhas de orientação que os profissionais possam seguir. As NOCs são um manual que reúne desde a escala de Fagerström até um esquema que resume o processo de tratamento, o algoritmo clínico”. As NOCs pretendem ser uma ferramenta de informação e decisão útil para a prática clínica no dia-a-dia. Assim, o algoritmo clínico é um esquema que mostra que quando o profissional de saúde se depara com um fumador que quer deixar de fumar deve seguir um esquema de procedimentos concretos.
O primeiro passo é avaliar o grau de dependência (através da escala de Fagerström) e providenciar uma sessão de aconselhamento. Na fase seguinte o profissional deve fornecer materiais de autoajuda, tratar com farmacologia de acordo com as características individuais do fumador e oferecer intervenções intensivas (se possível), para depois programar o follow-up do doente. Aumentar a motivação para abandonar o tabaco – estratégia dos “5 Rs” Caso o fumador não pretenda deixar de fumar, o profissional de saúde deve aumentar a motivação através dos 5 R’s: chamar a atenção para a relevância que tem para o doente deixar de fumar (tendo em conta factores de risco concretos ou a existência de crianças em casa, por exemplo), identificar os riscos que corre por ser fumador (da infertilidade até às neoplasias), salientar as recompensas de deixar de fumar (melhoria na saúde e diminuição de gastos, entre outros) e ainda alertar para possíveis resistências neste percurso (por aumento de peso ou falta de apoio). Para além disso, esta intervenção deve ser repetida de cada vez que um doente não motivado vai a uma consulta.
Quanto a intervenções não-farmacológicas, as NOCs referem que “devem ser disponibilizados materiais de auto-ajuda aos fumadores que não recebam outro tipo de intervenções para cessação tabágica. Aos fumadores que procuram ajuda é mais benéfico oferecer aconselhamento breve ou materiais de auto-ajuda individualizados”. E ao “fumador motivado para abandonar o tabagismo deve ser oferecida a possibilidade de frequentar grupos de terapia”. É referido ainda a importância do aconselhamento telefónico pró-activo e o aconselhamento individual fornecido por profissionais treinados em cessação tabágica fora do âmbito da prática clínica habitual, bem como o exercício físico que pode ser recomendado nos indivíduos com maior intolerância aos sintomas de abstinência.