Infecções vaginais: dos sinais de alerta ao tratamento
As queixas relacionadas com infecção do tracto genital são das que mais preocupam a mulher e das que mais vezes a levam a recorrer espontaneamente ao ginecologista. Estas infecções assumem um papel ainda mais importante, na mulher grávida, pois além de a infecção materna poder ser mais grave, o próprio feto pode ser comprometido.
As infecções genitais não são obrigatoriamente transmitidas sexualmente, e aquelas que o são podem por vezes ser contraídas por outras vias, além de que podem fazer parte de uma síndrome sistémica geral.
As infecções ginecológicas mais frequentes são provocadas pelos seguintes agentes:
– Fungos (Candida albicans), bactérias anaeróbias, tricomonas, gardnerella, gonococos, clamídia, micoplasma, sífilis.
– Vírus: condilomas, Molluscum contagiosum, herpes genital tipo I e tipo II.
Importância do PH vaginal e manutenção da flora vaginal
As principais causas de infecção vaginal podem ser relacionadas com diferenças do PH vaginal, que optimamente deve situar-se entre 3,8 e 4,5. Este PH óptimo consegue-se através da manutenção da flora vaginal normal, os bacilos de Doderlein. Se na alimentação existirem motivos para acidificar o meio vaginal ou se houver toma de antibióticos que provoquem destruição da flora vaginal normal, então os fungos proliferam. Se houver uma alteração do PH no sentido da alcalinidade, então proliferam as bactérias. Se houver falta de oxigenação da vagina (uso de pensinho diário, por exemplo), então proliferam as bactérias anaeróbias.
Como se diagnosticam?
Normalmente, o diagnóstico da presença de fungos faz-se porque existe prurido associado a um corrimento branco tipo iogurte e o diagnóstico da existência de bactérias por um corrimento amarelo-esverdeado com mau cheiro. O diagnóstico da infecção por tricomonas faz-se através da visualização do colo do útero, que apresenta um aspecto ponteado vermelho e se chama “colo de framboesa”. A infecção por gardnerella dá um mau cheiro intenso “a peixe”.
A vaginose bacteriana, que tantas vezes vem identificada nas citologias cervicais, é uma entidade que se trata com reposição da flora vaginal normal. Se o diagnóstico for de vaginite bacteriana, então isto implica uma inflamação da vagina e deve usar-se um antibiótico tópico.
A candidíase pode ser tratada com a mesma eficácia com antifúngicos tópicos e/ou orais, conforme a preferência da mulher, ou para alívio sintomático mais rápido os tópicos acompanhados de tratamento tópico e/ou oral de reposição da flora vaginal normal.
Convém recordar que as infecções por gardnerella, tricomonas, clamídia e gonorreia implicam o tratamento obrigatório do parceiro com o mesmo antibiótico oral, pois elas também ficam instaladas, não só no colo uterino e uretra femininos como também na uretra e bexiga masculinas.
A clamídia e o gonococos podem ter um percurso ascendente através do colo do útero para o endométrio e provocar endometrite, salpingite, doença inflamatória pélvica ou mesmo abcesso pélvico, e são as principais causas de infertilidade feminina.
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Possíveis complicações na grávida, no parto e no bebé
Qualquer infecção genital ou urinária pode ser causadora de contracções durante a gravidez e provocar ameaça de aborto ou de parto pré-termo.