Refeições leves » com sabor a Verão
Petiscos que valem uma refeição, sopas substanciais e fumegantes, carnes que tanto se prestam a confeccionar esplêndidos churrascos como a preparar um apetitoso cozido, açordas, peixes, mariscos, enchidos, caça, eis alguns dos sabores com que se faz a cozinha portuguesa.
Tão rica em temperos e suculência quanto ciosa das suas tradições, ela tem conseguido resistir a novas combinações e experiências vindas do exterior, mantendo quase incólumes as suas características singulares. No entanto, convenhamos, mal o Verão nos bate à porta somos obrigados a puxar pela imaginação de modo a adaptar o cardápio nacional às exigências da estação, para não ficarmos com a sensação de… sabe a pouco.
Os dias de calor pedem comidas leves e bebidas frescas, todos sabemos. Mas, é útil sabermos também que, ao pretendermos adoptar uma alimentação saudável, se torna essencial consumir alimentos ricos em antioxidantes e nalguns tipos de gorduras, ingerir maior quantidade de líquidos, respeitar a cadeia de frio e adoptar algumas medidas higio-sanitárias, de forma a limitar a proliferação de bactérias.
De todas estas particularidades nos fala a Dr.ª Alva Seixas Martins, nutricionista da Clínica Atlanta, começando por chamar a atenção para a acrescida necessidade de nos mantermos hidratados sempre que a temperatura aumenta ou se registam níveis significativos de humidade.
«É fundamental não esquecer que o nosso organismo necessita de uma hidratação suplementar nesta altura. Por isso, uma das regras básicas é beber água ou outro tipo de líquidos, com frequência, sem estar à espera de ter sede. As crianças e os idosos exigem cuidados especiais porque se desidratam com mais facilidade, podendo chegar a correr risco de vida», frisa a especialista.
Água, sumos, caldos, tisanas, chá, café, etc., tudo é bem-vindo. Tudo, não é bem assim. Importa verificar se o que se bebe é adequado ao estado da pessoa.
Segundo a nutricionista, «quem precisar de manter a linha deverá optar por líquidos sem calorias. A não ser que tenha andado na praia a correr e, eventualmente, possa necessitar de um sumo de fruta ou, então, uma água gaseificada, visto que os sais minerais beneficiam o equilíbrio orgânico nestas circunstâncias». Por outro lado, acautele-se o consumo do chá, café e álcool que, como diuréticos, «desidratam e acabam por fazer perder mais água do que aquela que estão a veicular». Os que não gostarem de água poderão recorrer a uma limonada «adoçada com pouco açúcar ou com edulcorante, no caso de se estar em regime alimentar».
Alva Seixas Martins faz, ainda, questão de salientar que, «no dia-a-dia, devemos privilegiar o consumo de alimentos ricos em água, como os vegetais e as frutas». Além disso, explica, «alguns deles, sobretudo os mais coloridos, têm a vantagem adicional de serem ricos em antioxidantes, substâncias que ajudam a combater os efeitos agressivos da luz solar».
Reforçando que o sol é «muitíssimo agressivo e os cuidados com a camada exterior não são suficientes», a especialista ilustrou o alerta com um curioso estudo realizado no estrangeiro. Ao procurar avaliar-se o efeito dos hábitos alimentares em adultos sujeitos a diferentes exposições solares, num universo lato que abrangia desde a Europa à Austrália, concluiu-se que os indivíduos que tinham uma alimentação rica em azeite e em produtos hortícolas tinham menos rugas, e menos profundas, do que aqueles que seguiam um regime pobre neste tipo de produtos.
Do prático e apetecível… Entre nós, frutos e legumes não faltam – nas grandes superfícies, nos mercados, nas feiras ou nos mais pacatos lugares de bairro –, basta saber tirar partido deles, o que talvez não seja o nosso forte.
«Temos uma alimentação “pesada” pouco propícia para o Verão, altura em que sentimos uma apetência natural por pratos leves e frescos. Até os restaurantes reflectem essa situação. Na verdade, há mais grelhados, mas pouca criatividade nos acompanhamentos que invariavelmente se resumem a batata cozida e salada», lamenta a nutricionista.
E continua: «Não existe o hábito das saladas cruas e quando se fazem a escolha é muito monótona, reduz-se à alface, tomate e a um bocadinho de cebola. Ninguém se lembra de uma salada de pepino com iogurte, fresca e de baixo valor calórico.»
«Além disso, utilizam-se sempre os mesmos métodos de confecção. Por exemplo, em vez de cozer legumes, cuja consistência e aroma não ficam, nada, apelativos, porque não grelhá-los?!», sugere Alva Seixas Martins.
Deixa ainda outra sugestão que pode constituir uma alternativa agradável para uma refeição na praia: legumes salteados frios que, na hora de servir, se juntam a massa cozida, havendo a possibilidade de acrescentar uma fonte proteica: atum ou ovos cozidos.
Na preparação de sanduíches deverá privilegiar-se, nomeadamente, o presunto e a carne assada, cujas curas são mais seguras do que a do fiambre. Os molhos, por muito apetecíveis que sejam, têm de ser postos de parte.
Em tempo de calor, as bactérias estão mais activas do que nunca e não dão tréguas.