Adolescência: (In)dependências, (In)experiências
É tempo de descobertas e expectativas, de dúvidas e angústias. Para desafiar os adultos ou pertencer a determinado grupo, podem acontecer os primeiros cigarros, as primeiras bebidas alcoólicas, os primeiros consumos ilícitos… Mas, da mera curiosidade à dependência, a linha é estreita.
Desafiar e arriscar são verbos ajustados aos adolescentes, naturalmente rebeldes, com ou sem causa. Sede de quebrar laços com a infância e percorrer o mundo dos adultos, tantas vezes saciada em grupo, pela necessidade de pertença a um colectivo de pares, irmanados pelos mesmos gostos e interesses.
É com eles que se partilham vivências e experiências. Cedo se fumam os primeiros cigarros e mesmo que o sabor não agrade, fala mais alto exibir uma pseudo-maturidade num contexto social. Tal como as bebidas alcoólicas, que se experimentam também por curiosidade nas desejadas saídas nocturnas – a grande prova de independência nestas idades. Os adolescentes bebem porque é socialmente aceite, não por serem dependentes.
Mas o risco dos excessos existe sempre. Outra curiosidade é despertada pelo mito das experiências transcendentais conferidas pelas drogas, que estão onde estão os adolescentes. A droga é acessível e o primeiro consumo tende a ser cada vez mais precoce. Os narcóticos, como a heroína, derivados do ópio, provocam uma sensação de êxtase, seguida do entorpecimento dos sentidos e de um estado semelhante ao sono, mas em doses elevadas podem levar a paragem respiratória e, eventualmente, à morte. O seu uso prolongado causa dependência. Também os estimulantes, como as anfetaminas ou a cocaína, provocam estados de euforia, na medida em que aumentam o nível de actividade neurológica do centro nervoso responsável pelo prazer. O seu uso prolongado gera depressão, fadiga e, em doses elevadas, podem provocar psicoses, bem como danos cerebrais e morte.
Por mais tentador que seja embarcar na euforia, o consumo de qualquer substância psicoactiva pode originar sérios problemas, até de sobrevivência. Para um adolescente ávido de assumir riscos, pode ser difícil não embarcar, mas convirá estar bem informado sobre o destino. Para tomar a melhor decisão.
Finalmente, a adolescência é a etapa da vida em que o ser humano ganha a dimensão como ser sexual e sexuado, com sensações de desejo e prazer. Daí que as emoções sejam intensas e únicas – surgem as primeiras paixões, as declarações de amor eterno. É o início de um percurso recheado de pressões e influências, gerando dúvidas e receios.
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A primeira experiência sexual afigura-se como aventura que pode ser fantástica mas que deve ser reflectida – não uma imposição de outros. Acima de tudo, importa aprender a fazer escolhas, com a liberdade de pensar e decidir. É fundamental saber dizer sim. E não. A sexualidade é natural, mas implica responsabilidade. É fonte de prazer, mas também uma porta aberta para riscos: como o de uma doença sexualmente transmissível ou o de uma gravidez não desejada. O amor não é suficiente, porque há que conhecer o próprio corpo, esclarecer dúvidas e evitar os riscos.
Ser adolescente é conquistar a autonomia, mas não a todo o preço. É fazer escolhas informadas, saudáveis e livres.
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