Em nome do coração
Diz-se do coração que comanda a vida, mas na verdade é um comandante com muitos inimigos: do sedentarismo aos maus hábitos alimentares, passando pelo stress, são muitas as ameaças à saúde cardiovascular.
Coração sofre!
É um órgão poderoso e ao mesmo tempo vulnerável, sujeito a múltiplas agressões quase todas relacionadas com o estilo de vida. E o resultado são as doenças cardiovasculares, a principal causa de morte no nosso país – a elas se devem cerca de 32 por cento de todos os óbitos. Sem falar na incapacidade e no sofrimento que geram.
São doenças que têm em comum a acumulação de gordura, colesterol, cálcio e outras substâncias na parede dos vasos sanguíneos, formando a chamada “placa” (aterosclerose – cuja causa exacta não é conhecida), fenómeno que começa, quase sempre, numa fase precoce da vida, avançando silenciosamente com os anos.
De tal modo que, quando surgem os primeiros sinais clínicos, já a saúde cardio-vascular está muito fragilizada. O processo de ateroesclerose vai estreitando progressivamente as
artérias, levando à sua oclusão total ou, pode haver desprendimento de uma placa de ateroesclerose que, levada pela circulação, vai obstruir uma artéria mais pequena, por onde já não consegue passar.
É súbita e inesperadamente que surgem as consequências mais frequentes desse estreitamento progressivo das artérias – o enfarte do miocárdio e o acidente vascular cerebral, de que a morte é, vezes demais, o desfecho.
E, no entanto, este é um desfecho evitável, sabendo-se que a maioria dos factores de risco das doenças cardiovasculares são modificáveis, uma vez que estão associados ao estilo de vida.
Somos o que comemos?
A alimentação está na primeira linha do risco cardiovascular. E alimentação é aqui sinónimo de excessos e desequilíbrios. Excesso de gorduras, de sal, de álcool e de açúcares e, proporcionalmente, ausência ou insuficiência dos alimentos protectores do coração. São eles os frutos e os vegetais, fonte de vitaminas e sais minerais, mas também os hidratos de carbono integrais, fornecedores de fibras. E ainda o peixe, as carnes magras e as leguminosas, que contribuem com proteínas mais saudáveis do que as chamadas carnes vermelhas.
Do desequilíbrio entre o que se come e o que se devia comer resultam, quase inevitavelmente, quilos a mais, e risco de diabetes que é factor de risco cardiovascular. O excesso de peso é, aliás, um problema com que se debate um em cada dois portugueses, numa estatística que cada vez é mais engrossada pelas crianças.
Mexemo-nos pouco?
No que diz respeito à saúde cardiovascular, a resposta é, sem dúvida, afirmativa. A inactividade física é reconhecida como um importante factor de risco, até porque anda, com frequência, de mãos dadas com os maus hábitos alimentares e os quilos em excesso.
Para não praticar exercício, há sempre muitas desculpas: porque exige tempo que falta, porque cansa, porque não se tem companhia. Mas as vantagens são mais do que muitas, para o coração e para todo o corpo: mais energia, mais resistência, mais flexibilidade – em suma, mais saúde! Em qualquer idade.