Assiste-se ainda a uma sobrevalorização da juventude, queremos parecer eternamente jovens, pois sermos jovens significa estarmos no nosso máximo potencial a nível físico e mental. Existe pânico geral quando se fala de velhice e aparecimento de rugas faciais, despoletando assim um desejo em eliminá-las, extinguindo desta forma os sinais de envelhecimento. Esta cultura padronizada de beleza, na qual a juventude está implícita, influencia a forma como a maioria das pessoas percebem os seus corpos. Aspirando conseguir este ideal, ficam insatisfeitas com a sua aparência física, levando esta percepção negativa a estados afectivos negativos.
A forma como percepcionamos o nosso corpo, ou seja a nossa "auto-imagem" tem como base experiências e vivências, assim como estímulos presentes e expectativas futuras. Ter uma boa "auto-imagem" potencializa a beleza e a saúde, estando esta directamente relacionada com a auto-estima, as pessoas que se avaliam como belas (ou seja, que têm uma boa auto-imagem) têm maior facilidade em apresentar mais auto-estima, o que lhes proporciona uma melhor qualidade de vida relativamente àquelas que não se vêem como tal, apesar de muitas vezes serem bastante atraentes (tendo em conta o "padrão" actual de beleza). O que acontece por vezes é que a auto-estima distorce a "auto-imagem".
É cada vez maior o número de pessoas que possuem um elevado grau de exigência em relação ao seu corpo, como se, cada pequena imperfeição fosse ampliada, o que acaba por gerar um círculo vicioso de auto-depreciação e insatisfação corporal. Verifica-se uma compulsão à insatisfação com a aparência física. Muitas pessoas depois de já terem corrigido o seu foco de descontentamento corporal (nariz, boca...) encontram necessidade de correcção noutra parte do seu corpo, estando em constante busca da perfeição, tornando-se cronicamente insatisfeitas.
Nestes casos verifica-se a necessidade de acompanhamento psicológico, caso contrário a pessoa estará permanentemente numa procura do defeito exterior que tem de ser corrigido ou disfarçado como forma de colmatar temporariamente o mal-estar interno. A auto-estima torna-se crucial para alcançar o estado de felicidade, objectivo de todo o ser humano, o que implica a necessidade de valorização positiva, a qual é apreendida mediante a interiorização das experiências de valorização realizadas pelos outros em relação a si próprio.
A face tem especial relevância na nossa aparência, uma vez que é o ponto primário de identificação, sendo uma fonte de comunicação verbal e não verbal, actuando como instrumento de comunicação e expressão ilustrativa de todas as nossas emoções (a felicidade, a tristeza, a frustração, a ansiedade, entre outras) que são interpretadas por quem as vê. Estando a face sempre exposta, a expressão facial pode tornar-se um alvo de grande ansiedade.
A aparência física pode ter grande influência quando escolhemos a nossa actividade profissional, pois muitas profissões têm como pré-requisito a boa imagem, como tal, é necessário conhecer quais os critérios de beleza que são aceites e até mesmo desejados pela sociedade. Alguns estudos analisaram a percepção das pessoas relativamente à atracção facial e concluíram que as que eram mais atractivas eram consideradas mais competentes e adequadas.
O ser humano possui a habilidade inata para reconhecer uma face bela. Não é por acaso que tem tendência a escolher como seu parceiro pessoas atraentes, pois segundo a teoria evolucionista, é feita por nós uma selecção natural para garantir o sucesso reprodutivo, de forma a que a nossa descendência seja bonita e saudável.
Os tratamentos estéticos, nas suas várias valências, para além de proporcionarem mudanças físicas, criam também mudanças emocionais e psicológicas. Estudos provam que após intervenções estéticas, as pessoas tendem a apresentar maior auto-estima e auto-confiança, o que se traduz num maior sucesso na sua vida pessoal e profissional, bem como na melhoria dos seus relacionamentos. No entanto, muitas vezes, procuram estes tratamentos como se fossem uma "fórmula mágica" pensando que irão resolver todos os seus problemas, criando expectativas irrealistas, o que poderá provocar decepção e sentimentos de frustração após a intervenção estética.
É importante, que quem se submeta a estas intervenções ou tratamentos, demonstre segurança emocional e bom conceito de si, sendo por isso recomendável averiguar previamente o seu estado psicológico, assim como fazer uma análise acerca das suas motivações, insatisfações corporais, desejos, fantasias, expectativas e sentimentos relativamente à intervenção.
O conceito de saúde já não é meramente definido como a ausência de doença ou enfermidade mas sim, como o estado completo de bem-estar físico, mental e social. Corpo e mente são um só, somos "nós", o todo, como tal, a falta de saúde de uma das partes influencia a outra, ou seja, problemas psicológicos e emocionais reflectem-se na saúde do nosso corpo e vice-versa. Sentimentos de inferioridade e de falta de confiança provêm muitas vezes de uma percepção corporal que é sentida como insatisfatória.
Estando o físico e psíquico "de mãos dadas" sentir-se satisfeito com a sua imagem é importante para o seu bem-estar geral, pois esta representação mental que faz do seu corpo irá reflectir-se na relação que tem consigo próprio e com os outros, tendo influência na sua vida. Neste sentido, se a utilização da estética tiver um impacto positivo na sua imagem exterior trará benefícios ao seu bem-estar interno.
Catarina de Castro Lopes
Psicóloga Clínica na Clínica WHITE